Ao indicar Raquel Dodge para o comando da PGR, Temer dá o troco em Janot e intensifica embate

A queda de braços entre o presidente Michel Temer e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está longe do fim e nesta quarta-feira (28) ganhou um capítulo extra. Como antecipou o UCHO.INFO na edição de terça-feira (26), a lista tríplice para a sucessão de Janot tinha o nome da preferida do Palácio do Planalto, Raquel Dodge, que foi confirmada por Temer para assumir o comando da Procuradoria-Geral da República a partir de 17 de setembro.

O presidente da República recebeu a lista da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) nesta quarta-feira e não demorou a dar o troco em Janot. Temer rompeu a tradição inaugurada pelo PT de indicar o primeiro nome da lista e deixou à beira do caminho o procurador Nicolao Dino (à esquerda na foto), candidato do atual chefe do MPF e irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). O outro nome constante da lista é o do procurador Mario Bonsaglia (à direita na foto).

De acordo com a Constituição Federal, o presidente da República pode indicar ao cargo qualquer integrante do Ministério Público com mais de 35 anos de idade. Criada em 2001, a lista tríplice é defendida pela ANPR como um dos principais instrumentos de autonomia da carreira.

A indicação de Temer segue para a análise do Senado, onde Raquel Dodge passará por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e terá o nome levado a votação no plenário. Se aprovada pelo Senado, Dodge tomará posse em setembro para um mandato de dois anos.


A nomeação de Raquel Dodge era esperada e ocorre em momento de extrema exposição do Ministério Público Federal, apenas dois dias após Janot apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra Temer por corrupção passiva.

Temer, em contundente pronunciamento na terça-feira, disparou duras críticas a Rodrigo Janot, afirmando que o procurador-geral busca “revanche, destruição e vingança” ao denunciá-lo ao STF. Segundo o presidente, Janot realizou um “trabalho trôpego” com o objetivo de fragilizar o governo e “parar o País”.

Raquel Dodge será responsável por apresentar denúncias e conduzir ações contra dezenas de políticos envolvidos em escândalos de corrupção, em especial no Petrolão, muitos dos quais que participarão da sabatina da nova procuradora-geral.

Durante debate entre os candidatos à PGR, realizado em maio último, Raquel Dodge defendeu a Lava-Jato e afirmou ter a intenção de “convidar os atuais membros a permanecerem no trabalho que estão fazendo e, se necessário, ampliar o número de colegas e estruturar o apoio mais fortemente”. (Com agências de notícias)

apoio_04