Renan abusa da hipocrisia ao anunciar saída da liderança do PMDB e tentar “vender” imagem de bom moço

(Jonas Pereira – Agência Senado)

Senador pelo PMDB alagoano, Renan Calheiros é daqueles políticos que abusam do eufemismo para escapar de situações difíceis. Ciente de que poderia ser ejetado da liderança do PMDB no Senado, onde vem fazendo duras e seguidas críticas o governo do presidente Michel Temer, o senador decidiu antecipar-se e renunciou ao cargo.

Nesta quarta-feira (28), alegando divergências com o partido, Renan usou a tribuna do Senado para, em mais um discurso visguento e marcado por rapapés, anunciar sua decisão, que já era esperada por muitos.

De acordo com o peemedebista alagoano, permanecer como líder do partido tornou-se algo insustentável por conta da desgastada relação com o presidente da República. Ex-presidente do Senado, Renan tem adotado postura contrária à gestão de Michel Temer e sua agenda de reformas.

“Deixo a liderança do PMDB. Não tenho vocação para marionete e não serei líder de papel”, afirmou o senador, acusando o governo de “perseguir” os parlamentares que não “rezam a cartilha governamental”. “Estou me libertando de uma âncora pesada e injusta”, acrescentou, como se fosse o último bastião da moralidade política.

Calheiros também justificou sua decisão com a necessidade de se posicionar de forma mais independente contra as medidas governistas que vem condenando com veemência. “Me afasto da liderança para expressar meu pensamento e exercer minha função com total independência”, disse o parlamentar.


Em discurso de aproximadamente quinze minutos, Renan voltou a criticar o presidente e o Palácio do Planalto. “Não detesto Michel Temer. Não é verdade o que dizem. O que não tolero é sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho.”

Renan condenou especificamente as reformas trabalhista e previdenciária, a primeira em votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. “É verdade que o Brasil precisa atualizar a legislação trabalhista e previdenciária. Mas deve se afastar de reformas sem critérios que atendem apenas ao sistema financeiro e parte do empresariado, ampliando desigualdades e sofrimentos.” Discurso falso e que faz a alegria da esquerda bandoleira.

O senador aproveitou a ocasião para acusar o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso Operação Lava-Jato, de continuar influenciando o governo, com poder, inclusive, para nomear ministros e dar ordens a partir da prisão, “apequenando o presidente”.

Renan Calheiros abusou da hipocrisia ao tentar “vender” ao povo alagoano um “bom-mocismo” que simplesmente inexiste, mas que entrou em cena porque o senador precisa da reeleição para manter o foro privilegiado e não acabar atrás das grades de forma antecipada. “Não trairei os trabalhadores e os aposentados, encalçados por uma agenda única, que transfere a carga para os mais pobres, porque para isso não fui eleito”.

Calheiros tem razão, pois foi eleito para receber propina de empreiteira com o objetivo de custear as despesas da amante, com quem teve uma filha fora do casamento. Renan foi eleito para justificar o dinheiro destinado à amásia com notas frias de venda de gado, manobra que lhe rendeu uma ação penal no STF.

apoio_04