Prisão de Geddel Vieira Lima aumenta tensão no governo, que não descarta delação do ex-ministro

Se há inferno astral na seara política, por certo o presidente Michel temer está a viver o período mais complicado. Isso porque, além da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República por crime de corrupção, a qual já encontra-se na Câmara dos Deputados, Temer tem de lidar a partir desta segunda-feira (3) com a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Geddel foi preso na tarde desta segunda-feira pela Polícia Federal dentro da Operação Cui Bono, no rastro de decisão do juiz Vallisney de Souza, titular da 10ª Vara Federal de Brasília. O mandado é de prisão preventiva, ou seja, sem prazo definido.

A prisão do peemedebista baiano teve como base os depoimentos do operador Lucio Bolonha Funaro, preso no Complexo Penitenciário da Papuda e negociando acordo de colaboração premiada, e do empresário Joesley Batista no âmbito da Operação Cui Bono. A prisão do ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência decorre de pedido da Polícia Federal e da força-tarefa da Operação Greenfield.


A Cui Buono investiga práticas criminosas na liberação de créditos e investimentos por parte de duas vice-presidências da Caixa Econômica Federal: Gestão de Ativos de Terceiros (Viter) e de Pessoa Jurídica. Uma das vice-presidências era ocupada por Geddel Vieira Lima.

No pedido enviado à Justiça, a PF e o MPF sustentam que Geddel vinha atuando nos bastidores para atrapalhar as investigações, com o objetivo de evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração premiada. Para tanto, Geddel estaria agindo junto a interlocutores para garantir o pagamento de vantagens indevidas a Cunha e Funaro.

A prisão de Geddel Vieira Lima aumenta sobremaneira a tensão no Palácio do Planalto, onde o staff presidencial agora se preocupa com uma possível delação do ex-chefe da Secretaria de Governo. Temer e seus principais assessores sabem que Geddel não tem o perfil emocional de quem suporta calado as agruras do cárcere, ou seja, uma delação é considerada como certa pelos palacianos. Se isso acontecer, o efeito dominó será incontrolável e a outrora quadriga de Michel Temer (Padilha, Moreira Franco, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima) irá pelos ares.

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