Reestruturação da PF em Curitiba não compromete a Lava-Jato; críticas do MPF são frívolas e descabidas

É prematuro afirmar que a reestruturação promovida na Polícia Federal no âmbito da força-tarefa da Operação Lava-Jato, em Curitiba, comprometerá as investigações. É necessário aguardar o desenrolar dos fatos para fazer qualquer previsão acerca de eventual comprometimento da operação policial. Como a Lava-Jato tornou-se uma espécie de motoniveladora que permitirá a construção de uma via para o retorno da esquerda bandoleira ao poder, a chiadeira de alguns setores é compreensível, mas inaceitável.

Em nota, a PF explicou que cada um dos quatro delegados da força-tarefa estava encarregado de cerca de 20 inquéritos, número elevado, considerando que, no auge da operação, o grupo contava com onze delegados. Ao todo, a força-tarefa tinha 40 agentes federais.

A partir de agora, após a decisão da PF, os grupos das operações Lava-Jato e Carne Fraca serão incorporados à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor).

“A medida visa priorizar ainda mais as investigações”, ressalta o comunicado divulgado pelo órgão. “Ela permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações”.

Linha de tiro

O delegado federal Igor Romário de Paula disse, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, não haver motivo orçamentário ou político como base da decisão. Responsável pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Delecor), no Paraná, Igor Romário afirmou que trata-se de “decisão operacional”.

Os delegados transferidos para a Delecor não terão aumento na carga de trabalho, que deverá ser “reduzida em função da incorporação de novas autoridades policiais”, informa a PF.


Integrante da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima criticou a decisão, afirmando que a operação simplesmente “deixou de existir”.

Em postagem no Facebook, Santos Lima destacou as dificuldades financeiras enfrentadas pela PF, insinuando que o presidente Michel Temer utiliza verbas que poderiam ser destinadas à corporação para liberar emendas no Congresso Nacional, com o objetivo de conter as denúncias de corrupção que ameaçam seu mandato.

“A Polícia Federal não tem mais dinheiro para passaporte. A força-tarefa da PF na operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados. Mas para salvar seu mandato, Temer libera verbas à vontade”, escreveu o procurador da República.

Santos Lima poderia poupar a sociedade dessas conjecturas descabidas, pois a Polícia Federal, como um todo, tem um orçamento aprovado específico, o qual deve ser suficiente para suas atividades. Em caso de falta de recursos, a PF pode solicitar complementação orçamentária, a qual depende de aprovação do Tesouro e, eventualmente, do Congresso.

Não se pode esquecer que as investigações da Lava-Jato deixaram de ser exclusividade de Curitiba e atualmente estão em dezesseis estados da federação e no Distrito Federal. Apenas a título de esclarecimento, no Rio de Janeiro a equipe que trabalha na Lava-Jato é infinitamente menor do que a de Curitiba e vem se mostrando altamente eficiente. Tomemos como exemplo a prisão do ex-governador Sérgio Cabral Filho e seu bando.

Tendo por base o fato de que o Ministério Público Federal (MPF) demorou muito (alguns longos anos) para tomar a decisão de investigar as denúncias feitas pelo editor do UCHO.INFO sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, que substituiu o Mensalão do PT, Carlos Fernando dos Santos Lima está a se preocupar em demasia. Em suma, o vedetismo que vinha reinando na Lava-Jato está a perder os holofotes.

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