Gleisi delira e diz que apoio a Raquel Dodge depende da mudança das regras do jogo da Lava-Jato

Tomando por base que muitos especialistas (sic) afirmam que a política é uma “cachaça”, com alto poder viciante, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) continua a enfrentar o seu “delirium tremens”. Afinal, muitas das suas declarações são desconexas e nem de longe retratam a realidade dos fatos. Como o PT precisa ressurgir das cinzas a qualquer custo, a fala da parlamentar tem razão de ser, o que não significa que seja aceitável e compreensível.

Presidente nacional do PT, a senadora paranaense afirma que a reestruturação do partido, que durante treze anos e alguns meses dedicou-se ao banditismo político, depende da eleição do alarife Lula à Presidência da República. Ou seja, o PT, para continuar existindo, precisa da eleição de um réu por corrupção e outros crimes em cinco ações penais, por enquanto.

O plano inicial dos “companheiros” tem como foco a eleição presidencial de 2018, mas se essa for antecipada, em decorrência da crise política que chacoalha o Palácio do Planalto, o candidato também será o dramaturgo do Petrolão. O que os petistas não sabem é que a Constituição Federal estabelece que em caso de vacância da Presidência na segunda metade do mandato a eleição é indireta. E nessa modalidade de escolha de um eventual novo presidente da República o PT não tem chance de vitória.

Ademais, Gleisi Helena e os aduladores de Lula precisam combinar com a Justiça de forma antecipada, pois uma condenação criminal confirmada em segunda instância transformará o ex-metalúrgico em inelegível com base na Lei da Ficha Limpa. Diante do fato de que Lula está prestes a ser condenado, Gleisi fala fraude eleitoral, o que na verdade não passa da estrita aplicação da lei, algo que os petistas não aceitam com base na crença de que são inimputáveis.

“Nós não temos nenhum plano B e nem C. O presidente Lula é nosso plano A, B e C”, afirma a presidente do PT. “Não há provas, é tudo baseado em delações. E isso está ficando claro a cada dia. A condenação do presidente Lula seria uma condenação para fraudar eleições”, completa a petista.


Ré em ação penal fruto da Operação Lava-Jato e acusada por delatores do Petrolão de ter embolsado R$ 1 milhão em propina, Gleisi toma como referência a absolvição do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, condenado pelo juiz Sergio Moro a quinze anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) absolveu Vaccari em um dos processos a que responde o petista.

Diante desse cenário, Gleisi acredita que condenações de companheiros poderão ser revertidas em instâncias superiores da Justiça. “A decisão do TRF deixou clara qual deve ser a postura da Justiça em termos de processo penal. Se não tiver prova, a delação não vale”. Contudo, não se pode esquecer que o TRF-4 tem confirmado, em média, 80% das decisões tomadas por Moro.

Como se o PT fosse dono do Estado brasileiro, a senadora Gleisi Helena afirma que o partido estuda a possibilidade de endossar a indicação da procuradora Raquel Dodge ao comando da Procuradoria-Geral da República. A senadora alega que o apoio a Dodge depende do compromisso da indicada de que o MPF mudará as práticas adotadas pelo atual procurador-geral, Rodrigo Janot. “Isso implica o MP fazer denúncias em cima de provas. Não pode se encaminhar denúncia com base em delação apenas”, defende a presidente dos petistas.

Por outro lado, o Brasil de fato torce para que a procuradora Raquel Dodge, conhecida por fazer oposição a Janot, mude as práticas do MPF, o que em tese colocaria o Partido dos Trabalhadores em situação de dificuldade ainda maior. É verdade que a “espetacularização” por parte dos procuradores da Lava-Jato é condenável, o que deve ser combatido, mas a proteção dada a alguns petistas no âmbito das investigações é inaceitável.

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