Desesperado com condenação de Lula, PT rejeita tese do “pau que bate em Chico, bate em Francisco”

O Partido dos Trabalhadores, que durante mais de treze anos dedicou-se ao banditismo político, como mostram as investigações da Operação Lava-Jato, e foi responsável pelo período mais corrupto da história brasileira, parece não aceitar o conceito do dito popular “o pau que bate em Chico, bate em Francisco”.

A manhã desta histórica quarta-feira (12) caminhava para o seu final quando petistas começavam a destilar a conhecida peçonha na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que discute o relatório que recomenda a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer por crime de corrupção passiva, denúncia marcada pela ausência de provas e baseada apenas e tão somente na delação premiadíssima do empresário Joesley Batista, dono da JBS.

Deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro e ex-presidente do capítulo fluminense da OAB, o advogado Wadih Damous, favorável ao parecer do relator, afirmou que “não pode pairar dúvidas sobre a conduta do presidente da República”. Damous também disse que “matar essa denúncia aqui, nós estaremos virando as costas para a sociedade brasileira”.

O discurso do deputado petista é pomposo e emoldurado por circunstâncias, mas nem de longe traduz a postura colérica do partido que busca, no caso de Temer, vingar o impeachment de Dilma Rousseff. Wadih Damous nega que o PT esteja atrás de vingança, mas o parlamentar não combinou com os “companheiros” esse discurso recheado com falso “bom-mocismo”.

Muito estranhamente, mas por razões conhecidas, esse discurso jurídico de Damous não serviu para os escândalos de corrupção protagonizados por Dilma Rousseff, mesmo que direta ou indiretamente, assim como não valeu para o episódio em que a então presidente da República tentou obstruir a Justiça no rastro da fracassada nomeação do alarife Lula como ministro-chefe da Casa Civil. E naquele momento era imperioso não virar as costas para a sociedade brasileira.

Mas o espetáculo de incoerência do PT continua a passos largos. Logo após a repercussão da condenação de Lula – foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro –, a direção nacional do PT divulgou nota em que deixa evidente a ojeriza à tese do “pau que bate em Chico”.


Na nota, o partido, que já foi acertadamente comparado a uma organização criminosa, destaca que a condenação de Lula é um “ataque à democracia e à Constituição Federal”. Respeitou-se ao longo da respectiva ação penal o Estado Democrático de Direito e a legislação vigente, mas para os petistas houve violação da democracia, como se Lula fosse uma divindade tupiniquim, que como tal é inimputável.

Mas a hipocrisia da “companheirada” surge em outro trecho da nota, no qual fica claro que “o pau que bate em Chico, não bate em Francisco”. “A sentença está baseada exclusivamente em delações premiadas negociadas ao longo de meses com criminosos confessos, e simplesmente validam as convicções contidas na acusação de procuradores do Ministério Público Federal, sem que houvesse a apresentação de provas que justifiquem a condenação nos termos expressos pelas leis brasileiras”, ressalta a tresloucada nota.

A sentença que condena Lula à prisão por corrupção e lavagem de dinheiro é fruto de longa e detalhada investigação, respeitado o amplo direito ao contraditório, mas os petistas entendem que a pena “está baseada exclusivamente em delações premiadas negociadas ao longo de meses com criminosos confessos”.

Por outro lado, os mesmos petistas defendem a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer, mesmo que a denúncia, desprovida de provas, tenha se baseado apenas na delação de Joesley Batista, um criminoso confesso que foi fartamente beneficiado por Lula através de empréstimos benevolentes do BNDES, os quais renderam vultosas propinas ao PT.

Ainda na nota, o PT não esconde o grau do desespero que tomou conta da legenda, ao afirmar que os crimes imputados a Lula não foram devidamente comprovados. “Em seu caso, busca-se imputar-lhe crimes com base em teorias respaldadas apenas pela palavra de condenados, incapazes de comprovar suas afirmações por meio de documentos ou de transferências bancárias”.

Ora, a denúncia por corrupção passiva oferecida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República está, por acaso, respaldada em documentos ou transferências bancárias? Obviamente que não. É resultado do “achismo” canhestro de Janot. A denúncia, é bom lembrar, resulta da mais que premiadíssima delação de Joesley Batista, usado pela PGR para deflagrar uma operação com o propósito de desestabilizar o governo e colocar o País de ponta-cabeça.

A questão não é defender Temer e condenar Lula – esse papel o juiz já fez –, mas de exigir coerência da classe política, rigidez na aplicação da lei e isonomia na análise dos fatos. Até porque, se para os petistas Michel Temer é um golpista corrupto, Lula não pode ser considerado um perseguido político e alvo de caçada judicial. Afinal, ambos são iguais e merecem tratamentos idênticos.

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