CCJ tornou-se picadeiro de falsos moralistas que insistem em pegar carona na denúncia contra Temer

Que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados seria transformada mais uma vez em picadeiro todos os brasileiros de bem sabiam. Há dias o colegiado dedica-se à denúncia por crime de corrupção passiva contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), mas a sessão de discussão do voto do relator Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) está servindo de palanque para parlamentares que, jogando para a plateia, buscam garantir a reeleição.

O que deveria ser uma avaliação técnica, mesmo que a CCJ seja um órgão político, o Brasil assiste a um espetáculo vergonhoso que mescla falso moralismo com o destilar de ideologias das mais distintas. A situação tornou-se ainda mais nauseante após a condenação do alarife Lula no escândalo do triplex praiano, uma vez que a esquerda colérica decidiu reforçar a caça às bruxas e vingar não apenas o impeachment de Dilma Rousseff, ingrediente que estava na pauta da Comissão desde o começo do processo, mas rechaçar a sentença do juiz Sérgio Moro.

A atitude dos deputados que integram a CCJ mostra que o Brasil é refém de uma classe que nem de longe está preocupada com as necessidades da população e os interesses do País, mas, sim, com as questões que envolvem as eleições de 2018 e, em alguns casos, a sobrevivência política de alguns partidos que têm sido engolidos pela lama da corrupção.

É fato que o Brasil precisa ser passado a limpo com urgência e celeridade, mas isso só será válido se acontecer debaixo do que determina a legislação vigente. Do contrário, como pregam alguns paladinos da moralidade pública, o País tornar-se-á um cenário de desmandos e desrespeito às leis, pois, ao que tudo indica, há de prevalecer o “denuncismo”.


O UCHO.INFO volta a afirmar que a questão não é defender Michel Temer, que não chegou ao principal cargo da nação por ser um poço de inocência, até porque a política verde-loura não abraça bem intencionados, exigir que denúncias sejam oferecidas com base em provas cabais e inquestionáveis.

Se a Procuradoria-Geral da República está convicta de que o caso em questão não suscita dúvidas acerca de corrupção e outros crimes, o procurador Rodrigo Janot deveria ter determinado o aprofundamento das investigações. Ao contrário, tomou como verdade máxima a delação da JBS e resolveu colocar o País de ponta-cabeça. O mais importante no caso em questão é que a denúncia seja consistente e irrefutável, o que de chofre evita o falso moralismo de uns e outros, a começar pelo denunciado.

No Estado Democrático de Direito, tema que leva alguns gênios de ocasião a encher os pulmões para falar sobre o assunto, a isonomia de tratamento em casos idênticos é princípio basilar. Não se pode aceitar que determinado caso seja tratado de uma forma pelas autoridades, apenas porque essas têm interesses pontuais, enquanto outro merece tratamento diverso. Reza a Constituição Federal em seu artigo 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. E que assim seja!

Os brasileiros estão cansados da enxurrada de escândalos de corrupção, algo compreensível, mas é importante destacar que a sociedade não deve se curvar à ditadura que o Ministério Público tenta impor de forma sorrateira e silenciosa, sob o manto da necessidade de uma assepsia na seara política. Mudar uma nação não é tarefa simples e exige paciência, dedicação e perseverança por parte dos cidadãos, os quais não podem abrir da vigilância permanente. Mudemos, sim, mas com responsabilidade e à sombra da lei.

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