Dez anos após o acidente da TAM, Justiça não teve coragem de importunar os verdadeiros culpados

Infelizmente, a grande imprensa sobrevive do sensacionalismo, quando deveria estar a serviço da verdade e principalmente dos interesses da população. Ao completar dez anos do acidente com o avião da TAM, no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, veículos de comunicação trataram de explorar ao máximo o fato, sempre com os ouvidos voltados para o tilintar da caixa registradora. Como o ser humano consome tragédias, o negócio é entupir o noticiário com pautas afins. E o maior acidente da aviação comercial brasileira não poderia ficar de fora.

Afirmar que após dez anos da tragédia de Congonhas ninguém foi condenado é irresponsabilidade jornalística em último grau. A questão não é mandar para o patíbulo da culpa aqueles que foram apontados como responsáveis pelo acidente, mas os verdadeiros culpados, que continuam sem ser incomodados.

Dez anos é tempo suficiente para descobrir de quem foi a culpa pelo acidente ocorrido com o Airbus A320 que fazia o voo JJ-3054, entre as cidades de Porto Alegre e São Paulo. A principal causa do acidente foi a pista do aeroporto paulistano, reformada a mando da Infraero e a um custo que suscita dúvidas, mas ninguém se preocupou em investigar esse detalhe.

Se a reforma estava a cargo da Infraero, como de fato, a responsabilidade hierárquica pelo acidente que deixou 199 mortos é da Casa Civil da Presidência, que tinha em seu guarda-chuva administrativo o órgão a quem cabia, até então, cuidar da infraestrutura aeroportuária em todo o País.

Essa “radiografia” mostra de forma clara que a culpa deveria recair sobre Dilma Rousseff, que à época respondia pela Casa Civil – ela substituiu o camarada José Dirceu, ejetado do cargo no rastro do escândalo do Mensalão do PT. Naquela ocasião, Dilma respondia a Luiz Inácio da Silva, então presidente da República. Ou seja, o petista-mor deveria figurar no processo, ao lado de Dilma, na condição de réu coadjuvante.

Durante uma década o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que aqueles que cobravam punições exemplares e céleres deveriam bater à porta do Palácio do Planalto, em vez de fazer protestos aqui e acolá. Nesses caos as manifestações são justas e necessárias, mas desde que ocorram no endereço correto.


Com a imprensa nacional chafurdando nas verbas milionárias da publicidade do governo federal, a receita imposta pelos palacianos foi centrar fogo nos que covardemente foram indiciados como responsáveis pelo trágico episódio. A Infraero tinha conhecimento que um acidente grave poderia ocorrer em Congonhas a qualquer momento, mas nada fez para impedir o pior.

Quem conhece os bastidores do acidente de Congonhas sabe como se deu a escolha dos “culpados”. Foi um jogo político sórdido, em que cabeças foram colocadas a prêmio para salvar políticos e outras autoridades. Defendendo de forma isolada a verdade dos fatos, este noticioso foi acusado de ter recebido dinheiro para isentar os culpados, quando nosso propósito era, como continua sendo, evitar que injustiças fossem cometidas.

Se a culpa pelo ocorrido realmente fosse daqueles que durante dez anos carregaram de maneira indevida o carimbo de assassinos, o governo não precisaria fazer ameaças aos envolvidos diretamente na tragédia. Dias após o acidente, na Casa Civil da Presidência, a companhia aérea foi alvo de ameaça vil e covarde. Ouviu um representante da TAM que se prevalecesse a tese de que a culpa era do governo, como de fato era – e ainda é –, a companhia não duraria muito tempo.

Ao longo desses anos, o UCHO.INFO repetiu essa informação em inúmeras ocasiões, sem que os integrantes do governo petista de então tivessem nos desmentido. Isso significa que a verdade está do nosso lado e, portanto, não nos acovardaremos diante das incursões rasteiras da imprensa nacional, que insiste em apontar o dedo na direção de pessoas inocentes, até porque durante muito tempo faturaram aos bolhões à sombra do poder central.

As autoridades envolvidas na investigação do caso deveriam imbuir-se de coragem e mostrar à opinião pública que as informações do UCHO.INFO são a mais fiel expressão da verdade. De tal modo, com o lobby imundo que aconteceu nos bastidores do acidente, entenderam que o melhor seria culpar que não mais pode se defender: o piloto responsável pelo voo JJ 3054.

Nesse longo período, estivemos ao lado da verdade, como sempre fazemos, até porque nosso compromisso maior é com os leitores. O tempo passou e a Justiça resolveu fazer justiça, inocentando em segunda instância os três únicos réus indiciados no processo sobre o acidente aéreo – Denise Maria Ayres de Abreu, ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Alberto Farjerman, então vice-presidente de operações da TAM; e Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, ex-diretor de Segurança de Voo da empresa. Resta saber se os culpados de fato serão incomodados em algum momento.

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