Rodrigo Maia falseou a verdade ao dizer que é “leal”, pois não age dessa maneira nem com ele próprio

Somente um desavisado acreditou na declaração de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, de que é leal, afirmação feita durante entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila. De olho na principal cadeira do Palácio do Planalto desde que o presidente Michel Temer caiu em desgraça no vácuo da bisonha delação da JBS, Maia resolveu surgir em cena com um discurso recheado de “bom-mocismo”, como se quem conhece a política brasileira fosse capaz de acreditar nessa farsa.

Rodrigo Maia é um incompetente que diante da possibilidade de assumir a Presidência da República começou a operar nos bastidores do poder através de prepostos, os quais viram na empreitada um caminho para alcançar uma oportunidade política sem igual.

Ao dizer que como parlamentar dedicará lealdade a Michel Temer, mas como presidente da Câmara ficará em cima do muro cumprindo o papel de juiz e mediador, Maia mostra que ser leal não é seu forte. Essa deslealdade começou com a escolha do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) como relator da denúncia contra o presidente da República no Conselho de Ética da Câmara. Zveiter é ligado à família Maia e forçou o entendimento do Direito para recomendar o prosseguimento da denúncia. E que ninguém ouse afirmar que Rodrigo Maia não interferiu na escolha, pois trata-se de uma sonora inverdade.

O Democratas, partido de Rodrigo Maia, estava quase desaparecendo da cena política nacional, escorando-se sobre a gestão de ACM Neto como prefeito de Salvador, quando viu na chegada à presidência da Câmara a derradeira tábua de salvação.


A mitomania de Rodrigo Maia é tamanha, que ele arriscou dizer que, se alçado à Presidência da República, não tentará a reeleição em 2018. Mais uma balela do deputado democrata, pois por ocasião da escolha de um substituto de Eduardo Cunha ele prometeu o mesmo. Tempos depois, embriagado com o poder, Maia, apoiado pelos petistas, conquistou novo mandato como presidente da Câmara dos Deputados.

Que políticos não honram a própria palavra e são capazes de qualquer coisa quando é preciso salvar a própria pele todos sabem, mas o Democratas vem abusando da ousadia e da incoerência enquanto contempla o Palácio do Planalto. Para reforçar a bancada na Câmara, o Democratas escancarou as portas da legenda para receber pelo menos dez deputados dissidentes do Partido Socialista Brasileiro, o PSB.

Oficialmente, as negociações ficaram por conta do deputado Heráclito Fortes, que já foi filiado ao Democratas, mas que agora está no PSDB. A ideia, absurda para quem conhece a política nacional, é colocar no mesmo barco ideológico as viúvas de Miguel Arraes e as de Antônio Carlos Magalhães. Ou seja, lealdade é mercadoria em extinção no Democratas, em especial na seara de Rodrigo Maia.

Apenas a título de informação, Heráclito Fortes recebeu recentemente em sua casa, em Brasília, o presidente Michel Temer para um almoço fora da agenda palaciana. O convite para o rega-bofe teve como objetivo desanuviar a cabeça de Temer, que agora vê o anfitrião atuando nos subterrâneos e na contramão.

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