Lava-Jato: Moro coloca Aldemir Bendine em prisão preventiva e cúpula petista entra em pânico com decisão

Responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, em Curitiba, o juiz Sérgio Moro decidiu, nesta segunda-feira (31), que Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, e os irmãos André Gustavo e Antônio Carlos Vieira da Silva devem permanecer presos em caráter preventivo. Isso significa que não há prazo para a libertação do trio.

Na decisão, Moro considerou que as provas apresentadas pelo Ministério Público Federal até o momento são suficientes para comprovar, a princípio, as suspeitas de que os três exerceram atividades ilícitas. De acordo com as investigações, Bendine, conhecido como Dida, é acusado de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht. Os irmãos André e Antônio Carlos são suspeitos de viabilizar os repasses de recursos ilícitos. Em outras palavras, os irmãos atuaram no caso em questão como “laranjas” do ex-presidente da Petrobras.

“Ante o exposto, defiro o requerido pelo MPF, para, presentes os pressupostos da prisão preventiva, boa prova de materialidade e de autoria, e igualmente os fundamentos, risco à ordem pública, à instrução e à aplicação da lei penal, decretar, com base nos arts. 311 e 312 do CPP, a prisão preventiva de Aldemir Bendine, André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior”, destacou o juiz na decisão.

De acordo com as investigações da Operação Cobra, 42ª fase da Operação Lava-Jato, na casa de Bendine foram encontradas anotações sobre assuntos de interesse do grupo Odebrecht no Banco do Brasil, com direito a números percentuais ao lado de cada tema. Ainda segundo o MPF, também foram encontradas anotações com referências a reuniões e telefonemas, dados fornecidos pelos delatores da Odebrecht.


Não obstante, a quebra de sigilo telefônico dos investigados permitiu identificar pelo menos 17 telefonemas para Lúcio Bolonha Funaro, operador financeiro ligado a Eduardo Cunha que foi preso na Lava-Jato e está em fase avançada de colaboração premiada.

A decisão de manter Aldemir Bendine na prisão por tempo indeterminado acendeu a luz vermelha na cúpula do Partido dos Trabalhadores. Isso porque a chance de o ex-presidente do BB aderir à delação premiada cresce exponencialmente, apesar de seu advogado negar essa possibilidade.

Bendine é pessoa de confiança da ex-presidente Dilma Rousseff e assumiu o comando da Petrobras com a missão de conter os escândalos de corrupção na empresa. Ao contrário, Aldemir cobrou propina da Odebrecht, algo que tinha feito quando estava na presidência do banco do Brasil.

Há no caso da prisão de Aldemir Bendine várias conexões que já começam a tirar o sono de alguns petistas graúdos. Além de ser próximo a Dilma, o ex-presidente da estatal petrolífera também é pessoa de confiança de Lula. E uma eventual delação de Bendine poderia levar Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, a acelerar as negociações de colaboração premiada.

Não se pode esquecer que Duque acusou Lula de se beneficiar do esquema de corrupção envolvendo a empresa Sete Brasil, que também abastecia o caixa de alguns próceres petistas, começando por José Dirceu. A se cofirmar esse movimento, como Bendine e Duque, o próximo a soltar a voz será Antonio Palocci Filho, que ameaçou delatar, mas acabou recuando.

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