Deputados pelo MA, Weverton Rocha e José Reinaldo rasgaram a lógica na votação da denúncia contra Temer

Gostem ou não os políticos, a política verde-loura é uma usina de incongruências. A exemplo do que ocorreu nas últimas duas ou três semanas, a pauta do dia é a votação da denuncia por corrupção passiva contra Michel Temer, arquivada por decisão da maioria do plenário da Câmara dos Deputados (263 votos a favor e 227 contra).

Durante o processo de votação, que por sorte não repetiu o espetáculo circense que marcou a decisão sobre a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff, muitos parlamentares abusaram dos discursos inventivos ao se manifestarem diante dos microfones. A esquerda, como esperado, falou sobre golpe, presidente ilegítimo, corrupção, reformas e outros tantos assuntos, quando o tema principal era outro, que não esse oportunismo barato de um bloco político movido pelo desespero.

Virada essa triste página da história política nacional, até porque uma denúncia dessa natureza é inédita, é preciso lembrar que há vida além da mencionada votação, que se arrastou por horas a fio, apenas para fazer o gosto da oposição colérica e radical. Além de vida, há também desdobramentos políticos que brotam da votação e provocam consequências no âmbito regional.

Alguns dos que encheram os pulmões no plenário da Câmara para praguejar contra o presidente Michel Temer agiram a léguas de distância da consciência, pois naquele momento era preciso jogar para a plateia, para o eleitorado. E cada qual encenou como conseguiu. Mesmo assim, longe das raias da coerência, alguns deputados simplesmente mandaram a lógica às favas.

O “bom-mocismo” de Weverton

Deputado federal pelo PDT do Maranhão e administrando os efeitos colaterais de um sonho não realizado de ser ministro de Estado, Weverton Rocha (à esquerda na foto) é o que se pode chamar de “gazeteiro profissional”. Ao encaminhar o voto do partido e falar no momento em que anunciou a própria decisão, Weverton não poupou palavras para criticar o presidente Michel temer, a quem acusou de roubar os direitos dos trabalhadores.

Se há alguém na Câmara dos Deputados que não tem moral para discursos moralistas, esse é o maranhense Weverton Rocha, que sonha em chegar ao Senado pelo mais miserável dos estados da federação. Com trajetória turbulenta, que vai desde processos relacionados à sua passagem pela Secretaria de Esportes do Maranhão a irregularidades no programa ProJovem Urbano, passando por suposta cobrança de propinas no Ministério do Trabalho e escândalo envolvendo Ong comandada pela própria mãe, Weverton deveria repensar seus discursos inflamados, especialmente quando no foco estiver a delação da JBS.


No âmbito da Operação Patmos, da Polícia Federal, que realizou prisões com base na delação da JBS, há um enredo confuso e com ingredientes para terminar em rumorosa confusão. A imprensa do Maranhão noticia, sem qualquer constrangimento, que o advogado preso na Operação Patmos, Willer Thomaz, é “testa de ferro” de Weverton Rocha e Flávio Dino (à direita na foto), o governador, no negócio envolvendo o Sistema Difusora de Comunicação (há quem garanta que a transação gira na casa de R$ 65 milhões). Se a informação procede não se sabe, mas o assunto é voz corrente em São Luís.

Willer Tomaz, que por R$ 8 milhões vendeu à JBS facilidades das mais diversas na Praça dos Três Poderes, em especial no escopo da Operação Greenfield, vinha negociando com Edison Lobão Filho, conhecido como Edinho, a venda do Sistema Difusora. Willer negociava com Edinho em nome de Weverton Rocha e do governador Flávio Dino, garantem as afiadas línguas da capital maranhense.

A incoerência de Zé Reinaldo

Outro parlamentar maranhense que abusou da incoerência durante a votação da denúncia contra Temer foi o deputado federal José Reinaldo Tavares, filiado ao Democratas – até recentemente estava no Partido Socialista Brasileiro (PSB) – e ex-governador do Maranhão. Na votação do impeachment de Dilma Rousseff, o deputado José Reinaldo votou contra a petista, mas agora posicionou-se a favor de Michel Temer, ou seja, pelo arquivamento da denúncia.

Cada um tem suas convicções, as quais devem ser respeitadas, mas não podem ser submetidas a um curto-circuito de raciocínio e postura. Pois bem, José Reinaldo Tavares votou contra Dilma duas vezes – no impeachment e na denúncia contra Temer –, mas no seu projeto rumo ao Senado da República conta com o apoio do Partido dos Trabalhadores.

Em suma, um democrata que vota a favor de Temer e contra o PT quer o apoio dos petistas maranhenses. Com Weverton Rocha e José Reinaldo Tavares fazendo política, falar em bom senso é tarefa das mais inglórias.

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