América Latina opõe-se em peso à ameaça estúpida de Donald Trump de ação militar na Venezuela

As declarações estapafúrdias e em tom de ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que uma ação militar seria uma opção para a crise na Venezuela, foi recebida com rechaço por países latino-americanos – mesmo sem citar diretamente Washington.

Na última sexta-feira (11), de férias em seu campo de golfe em Nova Jersey, Trump disse que os EUA têm várias opções para a Venezuela, incluindo a militar. “Temos tropas em todo o mundo, em lugares muito distantes. A Venezuela não é muito distante, e as pessoas estão sofrendo e morrendo.”

Em nota divulgada pelo Itamaraty e assinada pelos demais países do Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina), o Brasil reafirmou que os únicos instrumentos aceitáveis para a promoção da democracia são o diálogo e a diplomacia.

“O repúdio à violência e a qualquer opção que envolva o uso da força é inarredável e constitui base fundamental do convívio democrático, tanto no plano interno como no das relações internacionais”, diz o comunicado.

O Mercosul decidiu no início do mês aplicar o Protocolo de Ushuaia contra a Venezuela, a chamada “cláusula democrática”, um gesto que aumenta o “isolamento” do presidente Nicolás Maduro na região, como avaliou recentemente o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira Filho.

No comunicado, o Mercosul lembra que a decisão de aplicar o Protocolo de Ushuaia ocorreu após a constatação de que ocorreu uma “grave ruptura da ordem democrática” no país. Desde então, indica a nota, aumentaram a “a repressão, as detenções arbitrárias e o cerceamento das liberdades individuais”.

Em tom parecido manifestou-se o governo do México, que declarou sua rejeição “ao uso ou à ameaça de uso da força” nas relações internacionais: “A crise na Venezuela não pode ser resolvida através de ações militares, internas ou externas”.


Além disso, o México citou que no último dia 8 de agosto, 17 países, entre eles o Brasil, assinaram a Declaração de Lima para condenar a ruptura da ordem democrática na Venezuela e para não reconhecer a instauração da Assembleia Nacional Constituinte.

“Rejeitamos medidas militares e o uso da força no sistema internacional. Todas as medidas devem ocorrer sobre o respeito da soberania da Venezuela e através de soluções pacíficas”, indicou, por sua vez, a Colômbia. A mensagem foi similar à do governo peruano: “Toda tentativa interna ou externa para recorrer à força solapa o objetivo de restaurar a governabilidade democrática.”

A Venezuela atravessa uma grave crise política, econômica e social, com milhões de pessoas sofrendo com a escassez de alimentos e medicamentos, aumento da inflação e quatro meses de protestos contra o governo, que tiveram mais de 120 mortos.

Denunciada pela oposição como o último passo rumo à uma ditadura, a instalação de uma Assembleia Constituinte, eleita sem participação antichavista para mudar a Constituição, foi recebida com ampla condenação internacional.

A estabanada declaração de Donald Trump foi dada às véspera da visita de seu vice, Mike Pence, à América Latina, onde passará por Colômbia, Argentina, Chile e Panamá. Segundo o governo Maduro, o objetivo americano é arrastar a América Latina inteira para um conflito armado.

Todos sabem que a habilidade de Trump na seara diplomática é idêntica à destreza de um sagui enlouquecido em loja de cristais, mas tudo o que o ditador Nicolás Maduro precisava neste momento de pressão internacional era de uma declaração grotesca e descabida como a do presidente dos EUA.

Com a ameaça de eventual intervenção militar, Trump deu mais um motivo para Maduro defender o totalitarismo bolivariano e a Assembleia Constituinte, dominada por “camaradas” e convocada ao arrepio da lei. Não demorará muito para que o tiranete venezuelano surja em cena para balbuciar críticas contra o imperialismo ianque. (Com agências internacionais)

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