Morre em Brasília o ex-senador boliviano Roger Molina; não está descartada hipótese de crime

Ferrenho opositor do “presidente-cocalero” Evo Morales, o ex-senador boliviano Roger Pinto Molina morreu na madrugada desta quarta-feira (16), em Brasília. Molina, 58 anos, estava internado em estado gravíssimo no Hospital de Base de Brasília, onde chegou após acidente com o avião que ele próprio pilotava, em Luiziânia (GO).

De acordo com informações do hospital, Molina teve uma parada cardiorrespiratória na madrugada e não reagiu aos procedimentos de reanimação. Por se tratar de acidente aéreo, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal da capital federal.

Roger Molina vivia no Brasil desde 2013, quando deixou o seu país com a ajuda do diplomata brasileiro Eduardo Saboia, após viver durante quinze meses na embaixada verde-loura em La Paz.

Alvo de perseguição política por fazer implacável oposição ao governo de Morales, o ex-senador vinha sofrendo ameaças, mesmo estando em território brasileiro, principalmente por ter denunciado criminosos e traficantes ligados ao presidente boliviano. Tal situação exigirá investigação minuciosa do acidente, pois não está descartada a possibilidade de crime em decorrência de sabotagem.


É importante ressaltar que as principais facções criminosas brasileiras passaram a atuar diretamente na Bolívia, eliminando os intermediários na compra de cocaína. A Bolívia produz anualmente 300 toneladas de pasta-base de cocaína, sendo que a maior parte da droga é consumida no Brasil, ao passo que a diferença é enviada ao exterior através do território brasileiro.

Em 7 de julho, a Polícia Civil de São Paulo prendeu, em São Bernardo do Campo, o boliviano Romer Gutiérrez Quezada, de 38 anos, com 99,245 quilos de cocaína. Acusado de comandar uma quadrilha internacional de tráfico de drogas, Quezada trabalhava até um dia antes da prisão como assessor de Melody Téllez, vereadora de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, pelo partido Movimento ao Socialismo (MAS), o mesmo do presidente Evo Morales.

Segundo as investigações, Quezada atuava em parceria com facções bolivianas com o objetivo de montar um entreposto de cocaína no Guarujá, no paulista, local preferido pelos traficantes internacionais pela proximidade com o Porto de Santos, de onde partem as cargas de drogas para os mais variados destinos.

Romer Quezada estava cotado para assumir o cargo de vice-cônsul da Bolívia em São Paulo, o que facilitaria o trânsito do suspeito entre os dois países e, por conseguinte, o transporte de cocaína. Vale destacar que algumas autoridades bolivianas há muito se valem dessa prerrogativa diplomática, sendo que pelo menos uma pessoa ligada ao governo Morales está na mira de investigadores brasileiros por defender traficantes ligados a facções criminosas.

Molina estava sozinho no avião e, após a queda, foi encontrado pelos bombeiros de Luiziânia preso nas ferragens, mas consciente. Depois dos procedimentos iniciais de estabilização, Roger Molina foi levado de helicóptero para Brasília.

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