Lava-Jato: prisão de Cândido Vaccarezza preocupa cúpula petista e assusta alguns empresários de SP

A prisão do ex-deputado federal petista Cândido Vaccarezza (SP) na Operação Abate, 44ª fase da Operação Lava-Jato, era algo esperado desde o início das investigações no âmbito do esquema de corrupção conhecido como Petrolão, mas a cúpula do Partido dos Trabalhadores foi tomada por preocupação a partir da informação.

O motivo desse temor está no fato de que Vaccarezza não é daqueles que suportam silenciosamente as agruras do cárcere, como fazem alguns petistas presos. Em outras palavras, os “companheiros” temem por uma delação.

Acusado de receber propina no valor de US$ 500 mil, Cândido Vaccarezza foi líder do PT na Câmara dos Deputados e usou a “influência decorrente do cargo” para viabilizar a contratação, pela Petrobras, da empresa norte-americana Sargeant Marine, contemplada com doze contratos com valor total de US$ 180 milhões. Considerando que as propinas no escopo do Petrolão varavam entre 0,5% e 1% do valor dos contratos, Vaccarezza certamente tem muito a falar.


De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a empresa americana fornecia asfalta à Petrobras e foi mencionada na delação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal. O MPF afirma que provas adicionais forma obtidas em operações de busca e apreensão da 1ª e da 16ª fases da Lava-Jato, além de informações obtidas a partir da quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático e de pedidos de cooperação internacional.

“Entre as provas que corroboraram o relato do colaborador estão, por exemplo, documentos que comprovam o pagamento de propinas mediante transferências bancárias no exterior, anotações de agendas e arquivos apreendidos em fases anteriores da Operação Lava Jato que descrevem a divisão de comissões resultantes do negócio dentre operadores, funcionários da Petrobrás e políticos”, afirma a força-tarefa.

“Na divisão de valores das propinas, há documentos indicando seu direcionamento tanto para a “casa” (funcionários da Petrobras) como para o “PT”. Os valores então devidos ao partido, totalizando propinas de pelo menos cerca de US$ 500 mil, foram destinados em grande parte a Vaccarezza, sendo possível que a investigação venha a revelar outros destinatários das vantagens ilícitas”, destacam os procuradores.

Contudo, não são apenas os caciques petistas que começam a se preocupar com a prisão de Cândido Vaccarezza, que não demorará muito para acenar com a possibilidade de acordo de colaboração premiada. Alguns pequenos e médios empresários que atuam na Grande São Paulo e frequentavam o escritório de Vaccarezza também estão preocupados com a mais nova investida da Lava-Jato. Se o ex-petista não resistir aos efeitos da prisão e, ato contínuo, “soltar a voz”, o estrago poderá ser muito maior do que o esperado.

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