Operação Abate: Vaccarezza sugere ter “próstata de ouro” para justificar R$ 122 mil aprendidos pela PF

(Foto: Divulgação PF)

A situação do ex-petista Cândido Vaccarezza, que foi líder dos governos Lula e Dilma na Câmara dos Deputados, piora com o passar das horas. Isso porque Vaccarezza, em depoimento à Polícia Federal, disse que o dinheiro encontrado em seu apartamento durante a Operação Abate (44ª fase da Operação Lava-Jato) era fruto de empréstimo feito por um amigo e de valor declarado à Receita.

Ex-deputado federal, Cândido Vaccarezza afirmou à PF que o valor seria utilizado para quitar despesas decorrentes de cirurgia para remoção de câncer na próstata, o que levanta suspeita.

“Uma parte do dinheiro encontrado está declarada no imposto de renda desde o exercício de 2015, a outra tem origem em um empréstimo contraído por um amigo perante a Caixa Econômica Federal e os documentos comprobatórios serão anexados ainda hoje aos autos. O valor apreendido seria usado para o custeio de uma cirurgia de remoção de câncer na próstata, cujo procedimento preparatório seria realizado hoje (segunda-feira, 21,) pela manhã, em SP, no hospital Sírio Libanês”, disse Vaccarezza.

Há nesse depoimento vários pontos de fragilidade e que sugerem suspeição. O primeiro deles é identificar o generoso amigo que contraiu no próprio nome empréstimo junto à Caixa Econômica Federal. Por conseguinte, o saque do valor correspondente ao empréstimo é estranho, principalmente se considerado o fato de que o sistema bancário nacional está altamente informatizado e que a insegurança pública é elevada na cidade de São Paulo.


Manter dinheiro em espécie em casa não é crime, mas é pouco usual em tempos de violência urbana. A situação torna-se ainda mais estranha diante do fato de que parte dos R$ 122 mil foi declarada ao Imposto de Renda desde o exercício de 2015, segundo o próprio Vaccarezza. Causa espécie o fato de alguém declarar valores à Receita Federal e mantê-los em casa. Se não for transtorno obsessivo, há algo errado nesse enredo.

Por outro lado, a próstata de Cândido Vaccarezza parece valer tanto quanto as vacas sagradas que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) diz ter vendido para pagar as despesas da amante com quem teve uma filha fora do casamento. No momento em que uma cirurgia de próstata custa R$ 122 mil, não há mais como tentar explicar o equivoco que paira sobre a precificação no Brasil. É verdade que a crise econômica fez com que os preços disparassem e permitiu a profissionais dos mais distintos segmentos cobrarem valores absurdos, mas a questão é que

Tomando por base o fato de ter sido filiado ao Partido dos Trabalhadores durante 35 anos (1981-2016), Cândido Vaccarezza deve ter ouvido o ex-presidente Lula afirmar, em meados de 2006, que a saúde pública no Brasil estava a um passo da perfeição. Isso significa que uma cirurgia para a retirada de tumor na próstata não precisa ser realizada no melhor e mais caro hospital do País, até porque a grande maioria dos homens brasileiros acometidos pela doença busca a rede pública de saúde.

O UCHO.INFO consultou um urologista, cujo nome manteremos em sigilo, para saber o custo máximo de uma cirurgia para a retirada de tumor na próstata. Disse o médico que, no ápice do exagero, com todo o procedimento sendo realizado sem a interveniência de plano de saúde, a cirurgia e a internação podem custar no máximo R$ 40 mil. Ou seja, há uma diferença considerável entre o valor das despesas alegado por Cândido Vaccarezza e o montante encontrado pela PF no apartamento do ex-petista, que, vale lembrar, é médico ginecologista.

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