Brasileiros precisam pressionar o Congresso para reduzir valor do fundo de financiamento de campanhas

A anunciada reforma política, que nem de longe é o que o País de fato necessita, ficou para depois, mais uma vez. Isso porque deputados e senadores não têm um grama de disposição para alterar o status quo, principalmente porque muitos parlamentares foram flagrados pela Operação Lava-Jato e precisam do chamado foro privilegiado para empurrar para as calendas uma decisão judicial por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).

Dragada pelo ralo da má vontade que reina no Congresso Nacional em determinados casos, a reforma política transformou-se em um puxadinho emergencial para criar um fundo de financiamento de campanha. Como a matéria tropeçou na Câmara dos Deputados, o Senado chamou para si a responsabilidade de aprovar a matéria, a partir de proposta nova e que está sendo discutida às pressas.

O foco da proposta que surgiu no Senado é criar um fundo público no valor de R$ 1,5 bilhão, mas o montante pode ser majorado porque alguns políticos querem aprovar medida que autoriza o uso de parte dos recursos das emendas parlamentares para engrossar o caixa de campanha.

Com a proibição das doações de pessoas jurídicas, medida definida pelo STF, e a resistência da sociedade em relação à criação de um fundo público para financiar campanhas, políticos buscam desesperadamente uma solução, que novamente surgirá de um jogo de cena conhecido por aqueles que frequentam o Parlamento federal.


A estratégia que será levada a cabo é apresentar uma proposta na casa dos R$ 4 bilhões, para, ato contínuo, aprovar o valor previsto inicialmente, de R$ 1,5 bilhão. Mesmo assim, esse montante é considerado absurdo para um País que enfrenta sérios problemas para cumprir a meta fiscal.

Mesmo com a criação do tal fundo público de financiamento da democracia, muitas campanhas receberão recursos de caixa 2, na maioria das vezes do crime organizado, que sempre tem à disposição dinheiro em espécie. Isso significa que a moralização das campanhas é mero objeto de retórica, uma vez que o banditismo continuará existindo nos bastidores das disputas eleitorais.

Os brasileiros têm o dever de pressionar os parlamentares que se preparam para definir a criação do tal fundo público, pois é inadmissível que políticos corruptos recorram ao dinheiro público para manter a mesmice criminosa que todos conhecem.

A hipocrisia que começou a rondar a matéria cresceu de forma acelerada nos últimos dias, com políticos afirmando que é preciso reduzir os custos das campanhas e limitar o valor das doações feitas por eleitores. Esse discurso supostamente moralista partiu do deputado federal Carlos Zarattini, líder do PT na Câmara dos Deputados, cujo partido até recentemente apostava no dinheiro da corrupção para manter em marcha um projeto criminoso de poder, que só foi desvendado na esteira da Operação Lava-Jato.

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