Catalunha vota em referendo com ampla presença policial; violência deixou mais de 460 feridos

(Jose Guerrero – AFP – Getty Images)

Os eleitores da Catalunha votaram neste domingo (01) em referendo independentista considerado ilegal pelo governo da Espanha. O sufrágio ocorreu em meio a forte esquema policial e com várias irregularidades no modo de votação. Alguns incidentes foram registrados entre agentes e cidadãos em alguns locais de votação.

A consulta separatista convocada pelo governo autônomo catalão, em setembro, foi suspensa imediatamente pelo Tribunal Constitucional e diferentes tribunais ordenaram medidas para que as forças de segurança fechem os locais de votação e confisquem urnas e cédulas eleitorais. Mesmo com os esforços policiais, eleitores conseguiram votar em algumas seções eleitorais.

Isso levou as autoridades catalãs, na manhã deste domingo, a modificar as normas de votação que tinham emitido anteriormente, de modo que um eleitor possa votar em qualquer colégio eleitoral da região e não ao qual tinha sido atribuído, com cédulas impressas em casa e sem envelope.

Novas normas que, para o conselheiro catalão de presidência, Jordi Turull, configuram um processo eleitoral “com garantias” legais, enquanto fontes do governo em Madri asseguravam que os separatistas “liquidaram qualquer vestígio de respeitabilidade democrática”.

Em alguns casos, a intervenção de policiais espanhóis e guardas civis gerou momentos de tensão com os manifestantes independentistas e, no centro de Barcelona, houve ações dos policiais contra pessoas que fechavam as ruas e, em um ou outro caso, foram jogados objetos contra os agentes.


Ao menos 460 pessoas ficaram feridas e foram atendidas pelos serviços de emergência da Catalunha, sendo que a maioria deles sofreu ferimentos leves.

As forças de segurança, que bloquearam neste sábado o centro de informática catalão, anularam neste domingo o novo sistema anunciado durante a manhã pelo conselheiro Turull.

Assim, fica difícil saber quantas pessoas estão participando da consulta, enquanto o Ministério do Interior apontou que, com essa falta de garantia, uma mesma pessoa poderia votar várias vezes em diferentes lugares.

O presidente do governo da Catalunha, Carles Puigdemont, acusou as autoridades espanholas de usar violência “injustificada, desproporcional e irresponsável” no referendo sobre a independência da região espanhola. Ele afirmou que os cassetetes, balas de borracha e violência usados pelos policiais espanhóis mostram uma “imagem terrível da Espanha no exterior”.

“O uso injustificado, desproporcional e irresponsável da violência por parte do Estado espanhol no dia de hoje não vai ser suficiente para deter o desejo dos catalães de poder votar pacífica e democraticamente”, afirmou Puigdemont. (Com agências internacionais)

apoio_04