PSDB critica Temer por tentar escapar de denúncia, mas esquece atuação de Alckmin na CPI da Merenda

(Divulgação PSDB)

A epopeia envolvendo a segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), ganha novo capítulo na Câmara dos deputados nesta terça-feira (10). Escolhido relator da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) apresentará seu parecer ao longo do dia, sendo que a votação do documento no colegiado acontecerá somente na próxima semana, quando os parlamentares retornarem do feriado prolongado.

De olho nas eleições de 2018, o PSDB, que prometeu publicamente fazer um “mea culpa” e rever suas posições, continua em cima do muro e a exibir os famosos punhos de renda de seus integrantes. Em vez de assumir os próprios erros e tomar providências urgentes para ajudar na moralização da política, o tucanato prefere usar os tropeços alheios como base para enfadonhas lições de moral.

Durante dias a fio, os tucanos pelearam com o Palácio do Planalto, nos bastidores, para evitar que Bonifácio Andrada permanecesse como relator da denúncia contra Temer, apenas porque o partido insiste em “vender” aos brasileiros a ideia do moralismo político. Algo que deveria começar com a expulsão do senador Aécio Neves da legenda, uma vez que o parlamentar mineiro está encalacrado em escândalo de corrupção envolvendo o grupo J&F.

Líder do PSDB na Câmara, o deputado Ricardo Tripoli (SP) vem tentando dar lições de moral ao criticar a manobra do governo para manter Andrada como relator da denúncia contra o presidente da República. Sacada da CCJ pelo líder tucano, Bonifácio de Andrada permaneceu como relator em vaga do PSC, que agora cobra a fatura do governo.


Diante de câmeras e microfones, o PSDB ousa afirmar que a responsabilidade pelo relatório não será do partido, mas Bonifácio de Andrada, que continua filiado à legenda, assim como do PSC. Esse discurso tucano não convence, pois os brasileiros estão cada vez mais cientes da dura verdade que reina na seara política, algo que passa obrigatoriamente pelo PSDB.

Há dias, Ricardo Tripoli mostrou indignação com a decisão do governo Temer de liberar emendas parlamentares para garantir a rejeição da denúncia na CCJ. Como sempre afirmamos, o UCHO.INFO não tem político de estimação, mas reconhece que, infelizmente, assim caminha o Brasil. Sem dúvida é preciso romper o status quo para dar aos brasileiros a esperança de melhores dias, mas essa mudança deve ocorrer como um todo, não parcialmente e de acordo com os interesses pontuais desse ou daquele partido.

Tripoli pode espernear à vontade, até porque falsidade não paga imposto, mas o líder tucano na Câmara dos Deputados deveria refrescar a memória e relembrar que o governador Geraldo Alckmin usou todas as armas para embolar a CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo, cujo relatório terminou em enorme e mal cheirosa pizza. Dos oito membros da CPI, apenas um era da oposição: Alencar Santana (PT). O restante, do PSDB e da base aliada.

Em suma, resta lembrar aos tucanos que aquilo que vale em Brasília, quando o PSDB está na berlinda, deveria valer em São Paulo – e vice-versa –, pois apesar do semblante de estafeta de sacristia de Geraldo Alckmin, o governo paulista conta com um punhado de alarifes profissionais.

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