Após maiúscula vitória nas eleições legislativas do Japão, Shinzo Abe parte para mudar a Constituição

(Kent Nishimura – Getty Images)

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe obteve, no domingo (22), uma incontestável vitória nas eleições legislativas do país, o que abre caminho para que ele se torne o chefe de governo do Japão mais longevo, devendo permanecer no cargo até 2021.

Claro favorito em todas as pesquisas, Abe convocou as eleições no início do mês de forma antecipada com o pretexto de fortalecer seu governo para continuar implementando seu programa econômico e lidar com as ameaças da Coreia do Norte. Isso significa que ganha força a ideia de reformar a pacifista Constituição japonesa, mas não se deve esperar uma Carta belicosa ao extremo. Mesmo assim, Abe terá de convencer a maioria da população japonesa em relação à proposta.

Sob o artigo 9° da Constituição, o Japão renunciou para sempre ao direito de declarar guerra e baniu as Forças Armadas, embora sucessivos governos desde a Segunda Guerra tenham interpretado que o artigo permite uma força exclusivamente para autodefesa.


Tropas japonesas participaram, por exemplo, de operações internacionais de manutenção da paz, assim como de missões de reconstrução – sem combate – no Iraque de 2004 a 2006. Elas atuam também em situações de catástrofe, como o tsunami de 2011.

Pedidos para mudar a Constituição, escrita e imposta pelos americanos em 1946, têm se tornado mais frequentes nos últimos anos e ganharam ainda mais força com as recentes ameaças da Coreia do Norte. Muitos japoneses acreditam que a Carta Magna está defasada e não reflete as atuais circunstâncias geopolíticas.

Uma pesquisa de opinião pública conduzida pela agência de notícias Kyodo News, poucos dias antes do 70° aniversário da Constituição, mostrou que 49% dos entrevistados acreditavam que o artigo precisa ser reformado, superando os 47% que se opõem a qualquer mudança. Quando Abe assumiu o cargo, em dezembro de 2012, 51% da população eram contra tal mudança constitucional, e 45% a favor.

O envolvimento em escândalos de favorecimento ilícito afetou a popularidade do primeiro-ministro, exemplificada na derrota histórica do partido nas eleições de Tóquio, em julho, perante a legenda da carismática governadora Yuriko Koike.

Diante de tal cenário, Abe, de 63 anos, decidiu dissolver a Câmara dos Deputados mais de um ano antes da data prevista para o escrutínio. Cem milhões de eleitores foram chamados a renovar as 465 cadeiras da Casa. (Com agências internacionais)

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