ONU obtém US$ 340 milhões para refugiados rohingyas

Governos e doadores internacionais prometeram, nesta segunda-feira (23), mais US$ 234 milhões para ajudar 600 mil refugiados da minoria muçulmana rohingya – dos quais 60% são mulheres e crianças – que fugiram da violência em Myanmar para o vizinho Bangladesh nos últimos dois meses, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU).

O dinheiro foi prometido durante conferência de alto escalão organizada, em Genebra, pela ONU, União Europeia e Kuwait. Outros US$ 116 milhões já haviam sido angariados antes do encontro, o que eleva o total prometido para US$ 340 milhões. “Tivemos uma manhã encorajadora”, disse o chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock. “Agora temos a promessa de US$ 340 milhões.” Lowcock afirmou esperar novos comprometimentos nos próximos dias.

A ONU afirma que precisa de US$ 434 milhões para fornecer apoio nos próximos meses aos cerca de 600 mil rohingyas que fugiram recentemente de Myanmar, assim como para os cerca de 300 mil bengaleses que ajudam na hospedagem deles. Somam-se a eles os 400 mil rohingyas que haviam fugido em oportunidades passadas e vivem em Bangladesh.

Lowcock enfatizou a importância de os países entregarem o dinheiro, pois a ONU já teve de lidar com compromissos não cumpridos em crises passadas. “Promessas são uma coisa”, disse. “É realmente importante para nós que elas sejam convertidas o mais rapidamente possível em contribuições”, completou.


No entanto, a porta-voz do Departamento das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), Vanessa Huguenin, esclareceu posteriormente que, apesar de todos os fundos serem destinados à crise dos rohingyas, nem todo o montante iria para programas da ONU. Alguns recursos ajudarão trabalhos humanitários da Cruz Vermelha, e outros serão distribuídos a programa fora das Nações Unidas.

O chefe da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacey Swing, classificou a onda migratória dos rohingyas que fogem para Bangladesh como a crise de refugiados de mais rápido crescimento no mundo. Ele acrescentou que, com base em tendências atuais, espera-se que o número passe de 1 milhão em breve.

Na prévia da conferência desta segunda-feira, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) comunicou que estimadas 603 mil pessoas fugiram para Bangladesh depois que forças de segurança de Myanmar lançaram uma repressão violenta em resposta a ataques de 25 de agosto de militantes rohingyas.

As forças de segurança de Myanmar cometeram assassinatos, estupros e incendiaram aldeias inteiras no estado de Rakhine, segundo a ONU. O governo afirmou ter reagido aos ataques de insurgentes, mas as Nações Unidas e outros estados afirmaram que a resposta militar foi desproporcional. O comissário para os direitos humanos da ONU, Zeid Ra’ad al-Hussein, chegou a classificar a incursão como “exemplo clássico de limpeza étnica”. (Com agências internacionais)

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