Enquanto discute-se o comentário racista de Waack, 70% das pessoas assassinadas no Brasil são negras

Bastou a “viralização” de um vídeo em que o jornalista William Waack faz comentário racista para os brasileiros mostrarem ao universo que são tolerantes e vivem de maneira parcimoniosa entre as muitas diferenças que embalam o País.

No momento em que o radicalismo emoldura o cotidiano nacional e dá o tom nas redes sociais, onde notícia falsa brota aos bolhões, o discurso moralista e humanista de uma legião de pessoas supostamente indignadas caiu como luva sobre o atual cenário tupiniquim. Contudo, há problemas muito mais graves, envolvendo negros, que os brasileiros simplesmente ignoram.

No Brasil, os negros têm 12 vezes mais chance de serem assassinados do que os não negros, revelou a Organização das Nações Unidas (ONU) por ocasião do lançamento da campanha Vidas Negras, que pede o fim da violência contra os jovens afrodescendentes no País.

De cada dez pessoas assassinadas no Brasil, sete são negras, segundo os dados apresentados pelo escritório brasileiro da ONU na última terça-feira (7). Entre os jovens, de 15 a 29 anos, um negro é morto a cada 23 minutos.

O índice de homicídios de cidadãos negros no País, onde mais de 50% da população é afrodescendente, aumentou 18% de 2005 a 2015, enquanto entre os brancos diminuiu 12%.


O objetivo da campanha Vidas Negras é “sensibilizar a sociedade, gestores públicos, sistemas de Justiça, setor privado e movimentos sociais sobre a importância das políticas de prevenção e enfrentamento da discriminação racial”.

Segundo a ONU, o racismo é “uma das principais causas históricas da situação de violência e letalidade a que a população negra está submetida” no Brasil.

A campanha está vinculada à Década Internacional de Afrodescendentes, uma iniciativa que recebe grande impulso da ONU no país que possui a segunda maior população negra em todo o mundo, atrás apenas da Nigéria. A iniciativa conta com diversos vídeos e peças publicitárias distribuídas gratuitamente pela ONU a meios de comunicação.

“Com a campanha Vidas Negras, a ONU convida brasileiras e brasileiros a se engajarem e promoverem ações que garantam o futuro de jovens negros”, afirmou o coordenador da ONU no Brasil, Niky Fabiancic.

A ONU mencionou um levantamento do governo federal segundo o qual 56% dos brasileiros concordam com a afirmação “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco”. Para Fabiancic, isso é inaceitável. (Com agências internacionais)

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