Ministro das Cidades deixa o governo Temer e racha no PSDB aumenta; Aécio Neves está isolado no partido

O desembarque do PSDB do governo do presidente Michel Temer começou semanas antes do previsto, para o desespero do ainda presidente licenciado da sigla, senador Aécio Neves (MG). No vácuo da pressão exercida pelos chamados “cabeças pretas”, que apoiam uma eventual candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República, e com o crescente racha no ninho tucano, a saída do governo tornou-se inevitável, mas sendo tardia.

A ideia dos tucanos é passar à opinião pública a ideia de que o partido não compactua com escândalos de corrupção, como se isso fosse possível depois de tantos imbróglios envolvendo filiados à legenda. Além disso, a cúpula do PSDB não teve força suficiente para definir a situação de Aécio Neves, investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e outros crimes.

O primeiro integrante do PSDB a deixar o governo foi ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), que nesta segunda-feira (13) encaminhou ao presidente da República carta com pedido de demissão. Devem seguir o mesmo caminho os ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes Ferreira Filho (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

A crise no ninho tucano, que já não era das mais suaves, piorou de maneira exponencial com a decisão de Aécio Neves de despejar o também senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do partido. Aécio alegou que pelo fato de Tasso ter anunciado que é candidato ao comando da legenda era preciso manter a isonomia.


Na carta endereçada a Temer, o ministro das Cidades agradeceu pela confiança, mas afirmou que sua saída se deve ao fato de que dentro do PSDB não há mais “apoio no tamanho que permita seguir nesta tarefa”.

“Agradeço a confiança do meu partido, no qual exerci toda a minha vida pública, e já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”, ressaltou Bruno Araújo no pedido de exoneração. Horas antes, Araújo participou de cerimônia no Palácio do Planalto, ao lado de Michel Temer, quando foram entregues os primeiros “cartões reforma” aos inscritos no programa “Minha Casa, Minha Vida”.

O ministro das Cidades puxou a fila de tucanos instalados no governo, facilitando a vida do presidente da República no âmbito de uma já anunciada reforma ministerial. A ideia de Temer era defenestrar ao menos dois ministros do PSDB, mas é possível que o governo consiga quatro pastas importantes para negociar com a sedenta base aliada.

O teor da carta de demissão de Bruno Araújo mostra de maneira inequívoca que Aécio Neves está cada vez mais isolado dentro do PSDB. Isso porque o senador mineiro defendia a permanência do partido no governo Temer. Com a reviravolta nas últimas horas, Aécio está a um passo do ostracismo partidário.

Sem cacife político para tentar reeleição, Aécio terá dificuldades inclusiva para conquistar uma vaga na Câmara dos Deputados. Os escândalos de corrupção e a beligerância que reforçou a cizânia no ninho tucano podem lhe custar muito caro.

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