Temer deve trocar 17 ministros, mas deveria aproveitar o momento para reduzir quantidade de pastas

Líder do governo no Senado Federal, o peemedebista Romero Jucá (RR) afirmou nesta terça-feira (14), pelo Twitter, que o pedido de demissão de Bruno Araújo do Ministério das Cidades acabou por “precipitar” o debate sobre a reforma ministerial. De acordo com Jucá, o presidente Michel Temer deverá trocar 17 dos 28 ministros.

“A saída do ministro da Cidades precipita a discussão da reforma ministerial, tendo em vista que há ministério vago. Temer está avaliando e discutindo como vai fazer. Será uma reforma ampla, 17 ministérios vagos no prazo que o presidente determinar. Ele quem vai definir o ritmo”, publicou o senador em sua conta no Twitter.

De acordo com o staff do Palácio do Planalto, deixarão o governo todos os ministros que no próximo ano concorrerão a cargos eletivos. Essa decisão deve-se ao fato de que o presidente Michel Temer não deseja promover uma nova reforma em abril de 2018. Mesmo assim, a chance de isso se confirmar é pequena. O máximo que Temer fará no momento é dar a contrapartida aos partidos que na Câmara dos Deputados votaram contra a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Saída

Em carta entregue ao presidente da República, na segunda-feira, o ministro Bruno Araújo (Cidades) agradeceu a confiança durante seu período à frente da pasta e diz que não há mais apoio dentro do seu partido, o PSDB, para se manter no cargo. “Agradeço a confiança do meu partido, no qual exerci toda a minha vida pública, e já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir essa tarefa”, afirmou.


No documento, Araújo elenca algumas ações do ministério durante sua gestão e encerra com um elogio ao governo Temer. “Tenho a convicção, Sr. Presidente, que a serenidade da história vai reconhecer no seu governo resultados profundamente positivos para a sociedade brasileira. Receba minha exoneração e meus agradecimentos”, finalizou Araújo, na carta, cuja autenticidade foi confirmada por sua assessoria.

Bruno Araújo é deputado federal pelo PSDB de Pernambuco e assumiu o ministério em maio do ano passado. Ele participou da criação de programas como o Avançar e o Cartão Reforma.

Corte de gastos

Michel Temer deveria aproveitar o momento e reduzir pela metade o número de ministérios, uma vez que o governo persegue o corte de despesas como forma de alcançar o tão esperado ajuste fiscal.

Se o propósito é realmente cortar gastos, a redução do número de ministérios é uma saída a se considerar, já que, como se sabe, o “presidencialismo de coalizão” nada mais é do que uma usina de escândalos calcada na reciprocidade parlamentar.

Como a política brasileira é movida pelo fisiologismo, Michel Temer não terminaria o mandato se adotasse tal medida. Afinal, raros são os ministros que não usam o cargo para interesses político-partidários ou, então, para avançar com a roubalheira sistêmica.

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