Zimbábue: renúncia de Mugabe põe fim a uma ditadura de quase quatro décadas

Depois da pressão que durou alguns dias, o ditador Robert Mugabe renunciou à presidência do paupérrimo Zimbábue nesta terça-feira (21), pouco depois de o Parlamento local iniciar um processo de impeachment para acabar com um governo incompetente e totalitarista que durou exatos trinta e sete anos. Mugabe dominou a política do Zimbábue desde a independência desse país africano do Reino Unido, em 1980.

Há uma semana, Mugabe, de 93 anos, foi afastado do poder e mantido em prisão domiciliar por militares, mas se recusava a renunciar mesmo após ter sido expulso do próprio partido, a Zanu-PF, que também defendia sua imediata saída.

Apesar da situação que foi se agravando com o passar das horas, Robert Mugabe resistia e chegou a propor a sua permanência no comando do país como forma de garantir uma transição pacífica, mas seu plano fracassou.


Parlamentares começaram a festejar quando o presidente do Parlamento, Jacob Mudenda, leu a carta de renúncia de Mugabe e suspendeu o processo de impeachment. Houve festa também nas ruas de Harare.

A origem da repentina queda de Robert Mugabe está na disputa entre membros da elite zimbabuana para definir seu sucessor. O cenário político começou a ganhar contornos de periculosidade quando Mugabe tentou uma manobra para garantir que a esposa, a temperamental Grace Mugabe, o sucedesse no cargo, atropelando o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, de 75 anos.

Dona de personalidade impulsiva, Grace, 52 anos, é conhecida pelo gosto por artigos de luxo, o que justifica o apelido dado pelos zimbabuanos: Gucci Grace.

Agora, Mnangagwa, apelidado “O Crocodilo”, deverá assumir a presidência do Zimbábue. Ele mantém estreitas relações com os militares e é considerado um linha-dura, tendo chefiado o serviço secreto e o Ministério da Justiça. (Com agências internacionais)

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