Enquanto discute o desembarque do governo, PSDB enfrenta o egoísmo dos agarrados ao poder

Não bastasse o racha histórico que chacoalha o PSDB desde a sua fundação, o partido, que tenta se reinventar e reconquistar o eleitorado, agora enfrenta uma nova corrente desagregadora. Trata-se do grupo dos apegados ao poder, que não cogitam a possibilidade de deixar o governo do presidente Michel Temer.

Prestes a ser comandado pelo governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, o PSDB há muito não esconde o desejo de desembarcar do governo federal, como se a essa altura dos acontecimentos essa decisão produzirá algum resultado positivo. Sem saber como existir diante da derrocada política do PT, o tucanato está em busca de um discurso que seja minimamente convincente.

Parte da legenda defende a imediata saída do governo, enquanto outro grupo, liderado pelo senador Aécio Neves (MG), insiste na tese de que é preciso continuar integrando a equipe governamental. A situação do PSDB não é das mais confortáveis, pois a folclórica indecisão da legenda tornou-se uma realidade assustadora.

Desprovido de condições para seguir algum caminho, o PSDB vive um momento de atroz indecisão: ficar no governo do PMDB e participar diretamente da aprovação das reformas, em especial a da Previdência, ou desembarcar e ficar isolado no Congresso, entre a base aliada e a oposição colérica.


O novo problema do PSDB é o grupo de tucanos que desejam continuar no governo, como o senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (SP), que está à frente do Ministério de Relações Exteriores, e Antonio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo. Aloysio não esconde de ninguém que está adorando ser ministro, ao passo que Imbassahy não tem motivos para permanecer no cargo. Afinal, a articulação política do governo, que deveria ser de responsabilidade de Imbassahy, está sob a batuta de Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil.

O apego de Aloysio Nunes ao cargo é tamanho, que ele defende que sua indicação foi do presidente da República, não do partido. “O PSDB não indicou os ministros. Quem indicou foi o presidente. Então, este não é um assunto que diga respeito à convenção do partido. Eu insisto: o PSDB vai romper com o governo com qual objetivo? Para fazer o quê?”, questionou o chanceler.

Para piorar um cenário que está longe de ser minimamente bom, o PSDB está com dificuldades para convencer a bancada da Câmara dos Deputados a fechar questão no caso da reforma da Previdência. De olho na corrida presidencial de 2018, os tucanos querem desidratar ainda mais o projeto, quando na verdade deveriam esclarecer a opinião pública sobre a proposta.

Os maiores prejudicados com a reforma serão os que atualmente gozam das maiores regalias previdenciárias, mas precisamente os servidores públicos. Como o PSDB precisa angariar votos, a saída é fazer esse jogo de cena nauseante.

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