Imprensa chafurda no “banquete” de Cabral, mas não questiona como Lula e Dirceu pagam caros advogados

(Edilson Dantas – O Globo)

No Brasil, a preguiça política dos cidadãos vai muito além do “querer a coisa pronta”. Movida pela intransigência de ocasião e pelo discurso da justiça a qualquer preço, a população quer alguém que faça e resolva o problema de maneira meteórica. Quando assunto é democracia, essa pasmaceira é perigosa e chega a assustar.

Ao longo dos últimos dias, muitos setores da imprensa e boa parte da opinião pública refestelaram-se na vala das benesses que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), conquistou no cárcere. O furor causado por alimentos “não permitidos” encontrados por representantes do Ministério Público Federal (MPF) na cela de Cabral foi tamanho, que teve jornalista chamando a epopeia prisional de “banquete”.

Trata-se de uma fanfarronice midiática, embrulhada com a falta de compromisso profissional, pois esse tipo de informação sensacionalista não traduz a verdade e muito menos acrescenta algo positivo à vida do cidadão.

O UCHO.INFO volta a afirmar que nosso papel não é defender políticos criminosos – nossa trajetória prova o contrário – mas é preciso ser justo e preocupar-se com assuntos mais sérios, os quais sobram no universo da corrupção sistêmica que assola o País.

Enquanto o tal “banquete” de Cabral Filho provou furou Brasil afora, na esteira da pirotecnia delinquente de alguns profissionais de comunicação, a imprensa nacional continua de olhos fechados para questões envolvendo os petistas Lula e José Dirceu.

Confirmando inúmeras matérias do UCHO.INFO, a mais recente edição da revista Veja (data de capa 29.11.2017) mostra que criminalistas que defendem réus na Operação Lava-Jato ficaram ricos da noite para o dia ou, então, engordaram as respectivas fortunas. A publicação semanal, reforçando nossos alertas, informa que ser defendido por um dessas estrelas do Direito Penal exige o desembolso de quantias que variam de R$ 5 milhões a R$ 8 milhões.


Considerando que muitos políticos alcançados pela Lava-Jato, alguns presos, não têm posses para contratações desse naipe, é preciso saber de onde vem o dinheiro que custeia honorários tão polpudos. A questão não é colocar os criminalistas na linha de tiro, mas de cobrar explicações de corruptos que agem com naturalidade e desfaçatez.

Dois exemplos dessa bizarrice financeira são Lula e Dirceu. Defendido pelo escritório de advocacia do compadre Roberto Teixeira, o ex-metalúrgico pode alegar que a defesa nada lhe custa, mas até recentemente essa equipe de advogados contava com o talento do criminalista José Roberto Batochio, considerado como integrante da nata dos criminalistas brasileiros. Ou seja, a contratação de Batochio custou ao petista-mor pelo menos R$ 5 milhões.

Como se não bastasse, Lula contratou o estrelado advogado australiano Geoffrey Robertson, especialista em direitos humanos e com elegante escritório em Londres, para defendê-lo no Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra. Em suma, o petista descobriu a fórmula do milagre da multiplicação e recusa-se a revelar.

Lula poderia justificar a contratação do renomado criminalista com a desculpa de que sua empresa de palestras é um sucesso indiscutível, mas não é essa a realidade dos fatos. Empresas de palestras da cidade de São Paulo foram procuradas por assessores de Lula, mas preferiram não colocar no cardápio o nome do alarife do Petrolão.

O mesmo acontece com José Dirceu, que trocou a penitenciária da Papuda, em Brasília, onde cumpria pena do Mensalão do PT, pelo Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, onde ficou preso preventivamente No âmbito da Operação Lava-Jato. Desde então, Dirceu não trabalhou, o que significa não geração de recursos. O cenário de penúria oferecido pelo ex-comissário palaciano à opinião pública foi tão acintoso, que surgiu em dado momento que os filhos do petista estavam sem dinheiro para visitar o pai na capital paranaense.

Não obstante, José Dirceu é defendido na Lava-Jato pelo badalado e caro Roberto Podval, cujos honorários frequentam o universo dos sete dígitos ou mais. Ora, se Podval se encaixa no patamar de honorários das estrelas da advocacia criminal, como José Dirceu consegue manter defesa tão cara? Com a palavra, Lula e José Dirceu?

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