Meirelles movimenta-se de olho no Planalto e causa desconforto no soberbo e perdido PSDB

Nada pode ser mais nauseante na política nacional do que a soberba que emoldura o PSDB, partido que continua sem saber como lidar com a distância do poder central. Apostando em uma candidatura de centro, no caso a de Geraldo Alckmin, para tentar impedir o retorno de Lula e barrar o radicalismo direitista de Jair Bolsonaro, o tucanato começa a disparar farpas na direção do ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, que já se movimenta de olho na corrida presidencial do próximo ano.

Líder do PSDB na Câmara dos Deputados e “alckmista” de primeira hora, Ricardo Tripoli não gostou das declarações de Meirelles e disparou: “É um desrespeito dele com a bancada federal, que ajudou tanto o governo até agora. Demos mais votos na reforma trabalhista que o partido dele [PSD] e que o partido do presidente Michel Temer, o PMDB. Acho uma ingratidão. O PSDB tem ajudado muito nas medidas importantes e nas reformas”.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Henrique Meirelles afirmou que “o PSDB está tendendo na direção de não apoiar o governo e isso terá consequências no processo eleitoral” e que não há “um comprometimento do PSDB em defesa dessa série de políticas e do legado de crescimento com compromisso de continuidade”. A declaração surge dias após o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ter declarado que o PSDB já não faz parte do governo.

Gostando ou não de Meirelles, é preciso reconhecer que o ministro da Fazenda tem razão acerca dos tucanos, assim como correta é sua avaliação sobre uma eventual candidatura de Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto. Ademais, o PSDB desidratou politicamente no momento em que o Partido dos Trabalhadores foi devorado pelos efeitos colaterais do Petrolão e outros escândalos de corrupção.


Henrique Meirelles ainda não é candidato, assim como todos os outros, mas admite abertamente a possibilidade de participar da disputa presidencial. A seu favor o ministro tem o fato de ter recuperado a economia, destroçada por Dilma, e o compromisso da continuidade.

Com o intuito de jogar para o eleitorado, o PSDB propôs mudanças no projeto de reforma da Previdência que reduz em R$ 109 bilhões a economia pretendida pelo governo federal. De tal modo, Tripoli pode até discordar, mas o PSDB acabará com parte da culpa caso a reforma da Previdência não seja aprovada.

Sofrendo de abstinência de poder, o PSDB embarcou no governo de Michel Temer porque acreditou – ou fingiu – que o impeachment de Dilma Rousseff era também fruto da denúncia feita por Aécio Neves ao TSE. A máscara do senador mineiro caiu no vácuo do escândalo da JBS e o partido começou a mudar de lado quando percebeu, tardiamente, que permanecer no governo poderia ser prejudicial.

À época, o UCHO.INFO afirmou que ao PSDB restava permanecer no governo – apoiando as decisões palacianas – caso quisesse chegar em 2018 com fôlego para participar da corrida ao Palácio do Planalto. Do contrário, o tucanato seria um partido isolado e errante no Congresso, prensado por um lado pela oposição colérica e por outro pelos governistas dispostos a tudo em troca de cargos.

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