Relação espúria entre Gilmar Mendes e Joesley é caso de polícia e coloca o STF à beira do precipício

Em qualquer país razoavelmente sério e com autoridades investidas de coragem, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no mínimo já estaria afastado do cargo. No Brasil, uma república bananeira de grandes proporções e que aceita o estupro da lei de forma passiva, Gilmar continua agindo como se nada do que fizesse não representasse uma afronta ao bom senso e à legislação vigente.

Após se recusar a aceitar a tese de que deveria ter se declarado impedido de julgar os pedidos de habeas corpus impetrados pela defesa do empresário Jacob Barata Filho, de cuja filha o ministro é padrinho de casamento, Gilmar Mendes agora se vê às voltas com os efeitos colaterais de sua relação espúria com o empresário Joesley Batista, preso por uma sequência de crimes na seara da corrupção.

Há quinze anos no STF, onde recebe salário mensal de R$ 33,7 mil (valor bruto), Gilmar Mendes é um homem rico e, por consequência, cercado de despesas elevadas, como ele próprio admite em e-mail trocado com uma funcionária da empresa do qual é sócio – o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Fazendo do IDP, que tem o filho como sócio, sua cornucópia particular, o ministro do STF não se avexa quando é preciso solicitar a empresários – alguns encrencados com a Justiça – patrocínio ao seu instituto. O imbróglio que tem na proa o IDP avançava com certa tranquilidade, mas muitos passos além da fronteira do aceitável, até que em cena entraram os irmãos Joesley e Wesley Batista, cuja aptidão para a delinquência está sendo desnudada pelo tempo.


Joesley Batista, talvez o maior pagador de propina da história nacional, e o ministro Gilmar Mendes mantiveram nos últimos dois anos uma estranha e condenável parceria comercial, que em qualquer canto do planeta teria acabado na delegacia da esquina mais próxima. Mesmo assim, ambos cultivaram nesse período uma convivência considerada amigável – alguns classificam como escandalosa –, até o empresário ser preso pela Polícia Federal.

Nesse biênio, o empresário e o ministro da Corte visitaram-se mutuamente, em Brasília e em São Paulo, cenário que permitiu troca de favores, análises jurídicas e projetos em comum. Em suma, escândalo para ninguém colocar defeito.

De 2016 a junho passado, a JBS repassou ao IDP, à sombra de cotas de patrocínio, R$ 2,1 milhões, muitas das quais tratadas de maneira sigilosa, por recomendação das partes envolvidas. Pois bem, se cotas de patrocínio, que reúnem no mesmo palco um integrante da mais alta instância do Judiciário nacional e um empresário ousado e corrupto, precisam ser sigilosas, é porque há algo de errado no script.

Dissimulado, adepto de frases de efeito e sempre valendo-se de expressão facial típica de tolo, Gilmar Mendes desdenha a capacidade de raciocínio dos brasileiros. Ao responder perguntas da revista Veja, que na edição desta semana traz reportagem bombástica sobre o tema, Gilmar, do alto da sua conhecida desfaçatez, disse que “Joesley Batista quis conhecê-lo após um pedido de patrocínio ao seu instituto”. E mais: “Ele admite ter encontrado o empresário algumas vezes, mas garante que a relação nunca ultrapassou os limites éticos”.

No momento em que um integrante do STF senta-se à mesa para fazer negócios com um criminoso que está na alça de mira da Justiça, ambos precisam ser presos. Se os outros ministros do Supremo não colocarem um freio nas estripulias jurídicas e não jurídicas de Gilmar Mendes, as derradeiras doses de credibilidade da Corte irão pelos ares brevemente.

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