O calvário de Lula, o alarife principal do Petrolão, tende a aumentar no rastro de decisão do Ministério Público Federal (MPF), que desistiu de realizar perícia técnica nos mais de trinta recibos de aluguel apresentados pela caríssima defesa do petista-mor no caso do polemico apartamento em São Bernardo do Campo, avizinho ao do ex-presidente.
Lula é acusado no âmbito da Operação Lava Jato de receber o tal apartamento como propina da Odebrecht em troca de contratos com a Petrobras, mas os advogados do petista apresentaram recibos de pagamento de alugueis ao empresário Glaucos da Costamaques, dono oficial do imóvel, como forma de rebater a acusação.
Para os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, os recibos são ideologicamente falsos, uma vez que foram produzidos para dar aparência de suposta legalidade a atos ilícitos. A farsa montada pela defesa de Lula é tão grotesca, que alguns recibos têm datas que não existem no calendário cristão.
O MPF, no documento em que informa a desistência de realização da pericia técnica, ressalta que o conjunto probatório existente permite concluir que Costamarques assinava em blocos os recibos ideologicamente falsos, com o claro objetivo de caracterizar a locação do apartamento, quando na verdade o empresário foi usado como “laranja” para camuflar o pagamento de propina pela empreiteira.
“Após a colheita da prova oral, não mais persiste a postulação de realização de prova pericial porque os aspectos pontuais atinentes à confecção dos documentos de que se trata, que se pretendia aclarar por prova técnica, já estão suficientemente elucidados”, considerou a força-tarefa.
Sempre pirotécnica e abusando de discursos mirabolantes, a defesa de Lula afirma que a perícia técnica é desnecessária porque os recibos são autênticos. “(…) Está devidamente comprovada a autenticidade dos recibos apresentados bem como a quitação emitida em favor da inquilina, D. Marisa Letícia Lula da Silva, não havendo novos requerimentos a serem realizados por esta Defesa”, ressalta nota divulgada pelos advogados.
Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, Lula, que tem orçamento apertado diante das muitas despesas mensais, contratou perito particular para comprovar a autenticidade dos recibos com datas entre 2011 e 2015. O mesmo afirmou que os documentos foram firmados em ocasiões distintas. Pois bem, qualquer perito contratado por um réu jamais emitirá parecer contrário ao contratante. E se isso de fato ocorresse no caso em questão, Lula estaria confessando crime largamente comprovado ao longo das investigações.
Em vez de tergiversar de maneira contínua acerca dos falsos recibos, Lula deveria se preocupar em comprovar a origem do dinheiro usado para custear sua cara e ostentadora defesa, que conta, inclusive, com os serviços do advogado australiano Geoffrey Robertson, especialista em direitos humanos e com elegante escritório em Londres. Sem ter em mãos a receita do milagre da multiplicação, Lula precisa explicar às autoridades de onde vem essa dinheirama que financia sua defesa.
