Com medo de ser hostilizado, José Dirceu viaja a Curitiba de carro para substituir tornezeleira com defeito

Reza a sabedoria popular que “gato escaldado tem medo de água fria”. Com o crescimento da indignação dos brasileiros diante dos intermináveis escândalos de corrupção e o avanço da intolerância com os envolvidos em roubalheiras, políticos estão mais cautelosos quando o assunto é aparição pública.

Desde a deflagração da Operação Lava-Jato, em março de 2014, cresceu o número de episódios em que políticos envolvidos no Petrolão e outros casos de corrupção foram hostilizados publicamente. Uma das primeiras vítimas foi o ex-ministro Guido Mantega, da Fazenda, que passou por difíceis momentos em um bar e em um restaurante da capital paulista.

Na sequência foi a vez da senadora paranaense Gleisi Helena Hoffmann, que ao desembarcar no aeroporto de Curitiba (São José dos Pinhais) foi seguida e xingada por manifestantes, com direito à gravação do episódio.

Mais recentemente, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) enfrentou a ira dos eleitores ao desembarcar no aeroporto de Boa Vista, mas há dias foi hostilizado a bordo de uma aeronave que partiu de Brasília rumo ao estado da região Norte.


Na terça-feira (19), a arrogante e dissimulada Gleisi Helena voltou a experimentar a ira da população, momentos antes de desembarcar no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília (vídeo abaixo). Uma passageira, que aos gritos identificou-se como sendo paranaense, chamou a senadora petista de “corrupta” e “ladra”, além de cobrar a devolução do dinheiro público desviado.

Temendo sofrer o que alguns companheiros já enfrentaram, o ex-ministro José Dirceu preferiu ir a Curitiba de carro, em vez de fazer o percurso pelos ares. Condenado na Operação Lava-Jato e cumprindo prisão domiciliar em Brasília, de onde não pode sair sem autorização da Justiça, Dirceu teve de ir à capital paranaense para substituir a tornezeleira eletrônica, que apresentou defeito no carregamento da bateria. A viagem demorou 34 horas (ida e volta) e o petista já está na capital dos brasileiros.

Esse tipo de manifestação, como já afirmou o UCHO.INFO, leva a nada, mesmo que seja uma forma de a sociedade protestar contra a roubalheira sistêmica que se instalou no País. Atitudes como a enfrentada por Gleisi servem apenas para transformar corruptos em vítimas da intolerância, permitindo que esses tentem se reeleger na condição esdrúxula de perseguidos. E há no Brasil legiões de incautos prontas para cair nessa esparrela. O melhor é deixar a Justiça agir e dar a devida resposta nas urnas.

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