Com Serra fora da disputa pelo governo de SP, Doria sonha mais alto, mas precisa combinar com Kassab

Em clara demonstração de ignorância política e excesso de soberba, tucanos paulistas deflagram, há dias, movimento em favor da candidatura de João Agripino Doria Junior ao Palácio dos Bandeirantes. O movimento ganhou força na quinta-feira (18) com o anúncio de que o senador José Serra (PSDB-SP) não concorrerá ao governo de São Paulo. O que em tese alarga o caminho de Doria, caso o prefeito paulistano de fato decida entrar na disputa, mas não garante sua candidatura.

A decisão de José Serra tem uma explicação técnica, que não a dada pelo parlamentar, que afirmou preferir continuar no Senado Federal para acompanhar projetos de sua autoria. Na alça de mira da Operação Lava-Jato e acusado de receber propina das empreiteiras do Petrolão, Serra sabe que uma eventual campanha ao governo estadual em pouco tempo seria transformada em alvo da artilharia adversária, em especial dos petistas, que há décadas sonham em tomar de assalto o Executivo paulista.

Engana-se quem pensa que está pavimentado o caminho de João Agripino Doria até o Palácio dos Bandeirantes. O prefeito da maior cidade brasileira, que por enquanto não mostrou a que veio, precisa ser oficializado como candidato do PSDB, o que depende do aval do ainda governador Geraldo Alckmin, presidente nacional do partido e com um pé na estrada rumo ao Palácio do Planalto.

É nesse exato ponto que reside a maior ameaça a Doria. O governador Geraldo Alckmin, que por enquanto é o presidenciável do PSDB, precisa do apoio de várias legendas para dar musculatura ao seu projeto de comandar o País. Isso significa que não se deve descartar, pelo contrário, um apoio de Alckmin ao vice-governador Márcio França (PSB), que assumirá o governo paulista em abril próximo e, ato contínuo, buscará a reeleição em outubro.


Governar o mais importante estado da federação e administrar o segundo maior orçamento do País são feitos que o PSB jamais conquistou ao longo da história da legenda. E deixar escapar uma oportunidade dessa grandeza pode ser suicídio político.

Por outro lado, Alckmin tem o compromisso partidário de apoiar João Agripino Doria, até porque não pode turbinar a longeva cizânia que persiste no ninho tucano. Como antecipou o UCHO.INFO, Alckmin poderá apoiar Doria no primeiro turno, mas, ciente de que seu pupilo poderá fracassar nessa empreitada, na segunda ronda da disputa declararia apoio a França. O que em tese garantiria à sua campanha presidencial o apoio do PSB.

Contudo, a maior pedra no possível caminho de João Agripino Doria atende pelo nome de Gilberto Kassab, ex-alcaide paulistano e atualmente ministro de Estado (Ciência, Tecnologia e Comunicações). Como é de conhecimento público, Kassab há muito acalenta o sonho de ser governador de São Paulo. Até a anunciada desistência de José Serra, o ministro das Comunicações pretendia ser candidato a vice-governador na chapa do tucano.

Porém, com José Serra fora do páreo – mesmo assim é melhor manter cautela –, Kassab é franco candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Um detalhe dá a Gilberto Kassab cacife extra para pleitear o governo de São Paulo: é presidente do PSD, partido com considerável representatividade no Congresso Nacional, o que interessa a Geraldo Alckmin, não apenas por causa do apoio político na corrida presidencial, mas também em função do tempo de televisão a que o partido tem direito.

No balanço final, a situação mais incomoda é a de João Agripino Doria, que não tem o que mostrar ao eleitorado em termos de realizações como prefeito. Por outro lado, Kassab – mesmo considerando denúncias, escândalos e índices de rejeição – tem currículo mais encorpado. Geraldo Alckmin, por sua vez, é conhecido por ser um especialista em colocar água na fervura, mas no momento de necessidade é capaz de virar o caldeirão.

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