Temer precisa afastar Fábio Lenza, vice-presidente da Caixa indicado por Sarney e investigado pela PF

Quando assumiu a Presidência da República, no rastro do impeachment de Dilma Rousseff, o emedebista Michel Temer prometeu ao País construir uma ponte para o futuro. Na ocasião, o UCHO.INFO afirmou que, considerado o fato de o governo ser refém de um Congresso que funciona à base do escambo e da chantagem, Temer não teria outra saída, que não continuar com a pinguela em direção ao passado.

O tempo passou, a aprovação do governo Temer despencou de forma vertiginosa e o Parlamento continuou agindo à sombra do banditismo político, como se o Brasil fosse a terra natal de Vito Corleone, personagem central da trama cinematográfica “O Poderoso Chefão”.

Um governo que é alvo de escândalos de corrupção e vive cambaleando na trilha das pesquisas de opinião não pode se render à pressão de políticos velhacos, especialmente se o objetivo é reconquistar o apreço popular e permitir que o presidente da República chegue ao final do seu mandato com doses mínimas de tranquilidade.

Há dias, por recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e pressão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente concordou com o afastamento de quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal (CEF), todos na mira da Polícia Federal por causa de envolvimento em casos de corrupção. Fora afastados, e agora destituídos, Antônio Carlos Ferreira (Corporativo), Roberto Drziê de Sant’Anna (Governo) e Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias. O quarto afastado, José Henrique Marques da Cruz, foi restituído ao cargo.

De acordo com a Caixa, a recondução de Marques da Cruz ao cargo ocorre “em razão da constatação, em investigações interna e independente, de ausência de elementos suficientes para configuração de sua responsabilidade”.

O afastamento dos executivos da CEF não agradou alguns partidos da chamada base aliada, que de chofre reivindicaram o direito de indicar novos apaniguados aos postos agora vagos. O que ratifica a enorme dependência do governo em relação aos parlamentares.

Contudo, outra epopeia no escopo da CEF envolve Fábio Lenza, vice-presidente da instituição financeira e que está na mira da Polícia Federal. Investigadores da Operação Sépsis, que identificou políticos que fraudavam operações com dinheiro administrado pela Caixa, descobriram que Lenza atuou como contato de um grupo de lobistas (sic) interessados em intermediar negócios com o banco público.

Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido no universo das propinas como Fernando Baiano, e Milton Lyra, o Miltinho, mantiveram diversos contatos com Lenza para tratar de negócios nem sempre republicanos.


Enquanto Fernando Baiano atuava nos subterrâneos do Petrolão como operador do MDB da Câmara dos Deputados, Lyra era o braço avançado da bancada do partido no Senado, com especial relação com destacados senadores emedebistas, como Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Edison Lobão (MA).

Ao alçar Fábio Lenza à mira, a PF arrastou para o olho do furacão ninguém menos do que José Sarney, ex-senador da República e uma das mais nocivas figuras políticas do País. Sarney, que recentemente barrou a indicação do deputado federal Pedro Fernandes (PTB-MA) para o cargo de ministro do Trabalho, agora causa novo constrangimento ao Palácio do Planalto, onde sobram encrencados na Lava-Jato.

Gostem ou não de Michel Temer, é preciso reconhecer que o presidente conseguiu, a duras penas, arrumar o estrago promovido pelo PT na economia nacional, mas é inaceitável que um governante seja refém de uma figura do naipe de Sarney.

A investigação da PF que tem Fábio Lenza no escopo pode produzir estrago considerável no núcleo duro do MDB, uma vez que caciques da legenda devem surgir a reboque de aguardado depoimento do ainda vice-presidente da Caixa.

Fosse minimamente responsável – e também imbuído de coragem –, Michel Temer promoveria uma “degola” generalizada na Caixa, mandado para o olho da rua todos os acusados de corrupção. Não se trata de condenar por antecipação os suspeitos e investigados, mas de mostrar ao País a transparência necessária, principalmente em uma instituição financeira que não pode ser comandado por indicados, mas por técnicos e especialistas no setor.

O esquema criminoso que ainda funciona nos bastidores da Caixa é bilionário e há de fazer uma nova legião de envolvidos, mas é preciso lembrar que José Sarney e seus quejandos não podem ser poupados, até porque o currículo do caudilho maranhense fala por si.

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