Quando a Justiça decidiu suspender a posse de Cristiane Brasil como ministra do Trabalho, o UCHO.INFO afirmou que tratava-se de mais um espetáculo oportunista na política brasileira. Afinal, se a deputada federal licenciada cumpriu o acordo firmado no âmbito da Justiça do Trabalho, tendo indenizado os reclamantes, não há porque apor sobre a quase ministra um carimbo de condenada. Isso mostra que no Brasil um condenado que cumpriu o que determina o Judiciário jamais conseguirá reinserir-se de forma plena na sociedade.
Cristiane Brasil não é a pessoa mais adequada para assumir pasta tão importante, até porque é desprovida de competência quando o assunto é relações trabalhistas, mas a Justiça não pode ingerir nas prerrogativas exclusivas do presidente da República, dentre as quais a nomeação de ministros de Estado.
A decisão da Justiça, que encontra-se estacionada no Supremo Tribunal Federal (STF), está emoldurada por mero casuísmo, que brota com antecedência em ano eleitoral. Porém, o presidente Michel Temer, que enfrenta baixos índices de aprovação popular e seguidos casos de corrupção envolvendo assessores, não precisava passar por tamanho desgaste. Bastava ter nomeado o deputado federal Pedro Fernandes (MA), primeiro indicado pelo PTB ao cargo, e ignorado a pressão exercida por José Sarney.
Se até a última semana Cristiane Brasil tinha o direito de continuar sonhando com o cargo de ministra de Estado, até porque nada a impede de ascender ao cargo, bastou um vídeo chicaneiro divulgado na internet para que o sonho se transformasse em pesadelo.
Cristiane, a ministra que nunca foi, está a anos-luz de ser a pessoa mais adequada para o cargo em questão, não por causa da pretérita pendenga com a Justiça do Trabalho, mas por ausência de bom senso e falta de compostura.
No polêmico vídeo, Cristiane Brasil aparece em uma lancha ao lado de marmanjos desnudos, como se o governo fosse uma das muitas barracas de praia que se espalham pelo extenso litoral brasileiro. É verdade que ao longo dos últimos anos o País transformou-se em baderna institucionalizada, mas não será à sombra de vídeos de gosto duvidoso e conteúdo condenável que a deputada será alçada ao Ministério do Trabalho.
O vídeo é tão constrangedor, que chegou a envergonhar até mesmo o pai de Cristiane Brasil, o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB. Estivesse de fato preocupado com o Brasil, Jefferson jamais teria indicado a própria filha para o cargo. Como o chamado “presidencialismo de coalizão” não passa de mero balcão de negócios, o Ministério do trabalho está acéfalo. Talvez seja melhor assim.
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