José Padilha volta à Berlinale com filme sobre avião sequestrado em 1976

Em 2008, um filme sobre a violência urbana no Rio de Janeiro e as ações do Bope dava a José Padilha o prêmio “Urso de Ouro” no Festival de Cinema de Berlim. Dez anos depois, o diretor de “Tropa de Elite” volta à Berlinale, com “7 dias em Entebbe”, longa baseado em fatos reais que retrata o sequestro de um avião em 1976.

O jato da Air France que voava de Tel Aviv para Paris foi sequestrado por três integrantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina e das Células Revolucionárias da Alemanha. Os sequestradores exigiam a libertação de 53 terroristas presos em Israel. Depois de pousarem no Aeroporto Internacional de Entebbe, em Uganda, teve início uma operação complexa que durou uma semana e terminou com o resgate dos reféns.

Desde o lançamento de “Tropa de elite 2 – O inimigo agora é outro” (2010), Padilha mora em Los Angeles, nos Estados Unidos. O cineasta decidiu mudar para o exterior após homens armados tentarem invadir sua produtora no Rio de Janeiro. Depois de “RoboCop” (2014), “7 Dias em Entebbe” é o segundo longa dirigido pelo brasileiro, mas produzido fora do Brasil.

“7 dias em Entebbe” foi selecionado para ser exibido na mostra principal, mas não concorre ao Urso de Ouro. A pré-estreia mundial acontece dia 19 de fevereiro, e como é uma coprodução anglo-americana, o filme de José Padilha não conta na lista de filmes brasileiros.

Impeachment de Dilma

No total, doze produções e coproduções brasileiras participam do festival. “O processo” – parceria entre Brasil, Alemanha e Holanda – retrata o julgamento de Dilma Rousseff focando no trabalho da equipe de defesa para provar a inocência da ex-presidente. A cineasta Maria Augusta Ramos teve acesso exclusivo à equipe de defesa, deputados e senadores e à própria ex-presidente.


Além de “O processo”, outros três documentários brasileiros estão entre as 20 produções escolhidas para a Mostra Panorama Dokumente. “Aeroporto Central” (título original “Central Airport THF”), do cearense Karim Aïnouz, que retrata a vida dos refugiados nos hangares do Tempelhof, um aeroporto desativado em Berlim; “Bixa Travesty”, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, que acompanha a vida da artista transgênero Linn da Quebrada; e “Ex-Pajé”, de Luiz Bolognesi, que mostra o drama contemporâneo dos povos indígenas a partir da história de Perpera, um índio Paiter Suruí que viveu até os 20 anos num grupo isolado na floresta onde se tornou pajé.

Ainda na mostra Panorama, a segunda mais importante do festival, o drama “Tinta Bruta”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, sobre um jovem que tenta sobreviver em meio a um processo criminal.

Competindo com outros 24 filmes pelo Urso de Ouro está o longa “As herdeiras”, uma coprodução Paraguai, Uruguai, Alemanha, Brasil, Noruega e França. O filme do paraguaio Marcelo Martinessi conta a história de duas irmãs sexagenárias que vivem de uma herança, mas têm que se adaptar a uma nova realidade quando o dinheiro está acabando.

Na Berlinale Shorts, seção dedicada aos curta-metragens, os representantes brasileiros são “Alma Bandida”, de Marco Antônio Pereira; “Russa”, de João Salaviza e Ricardo Alves; e “Terremoto Santo”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.

Na mostra Forum, o único representante nacional é o longa “La Cama”, uma coprodução de Argentina, Alemanha, Holanda e Brasil. E na Forum Expanded, uma extensão da mostra experimental Forum da Berlinale, os diretores Gabraz Sanna e Anne Santos apresentam o documentário “Eu sou o Rio”. O filme retrata a vida de Tantão, um músico e artista plástico icônico da cena underground carioca desde a década de 1980.

Para fechar a lista de brasileiros na Berlinale, o filme Unicórnio, de Eduardo Nunes. O longa será exibido na seção Generation 14plus, dedicada a filmes protagonizados por crianças e adolescentes e que este ano tem o cineasta brasileiro Felipe Bragança entre os jurados. A 68ª edição da Berlinale é realizada entre os dias 15 e 25 de fevereiro. (Deutsche Welle)

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