Lava-Jato: réu em nova ação penal, José Dirceu continua sem explicar como custeia defesa milionária

Fonte de inspiração da veia truculenta do PT em protestos e outras manifestações, José Dirceu de Oliveira e Silva, o “Pedro Caroço”, condenado à prisão no âmbito da Operação Lava-Jato, continua desfrutando da liberdade vigiada, ao mesmo tempo em que torna-se réu em nova ação penal aberta pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos que brotaram do Petrolão, o maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos.

Dirceu é acusado de supostamente receber propinas, no montante de R$ 2,4 milhões, das empreiteiras Engevix e UTC. Esses recebimentos teriam ocorrido após o julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão do PT) pelo Supremo Tribunal Federal, que condenou à prisão o ex-comissário palaciano de Lula.

No entanto, Moro decidiu suspender a tramitação da referida ação penal pelo período de um ano, pelo fato de os réus (José Dirceu, Gerson de Melo Almada, Walmir Pinheiro e Luiz Eduardo de Oliveira e Silva) já terem sido condenados no escopo da Lava-Jato.

“Não vislumbro com facilidade interesse do MPF no prosseguimento de mais uma ação penal contra as mesmas pessoas, a fim de obter mais uma condenação”, destacou o juiz em sua decisão. “O que é necessário é a efetivação das condenações já exaradas e não novas condenações”, emendou Moro.

Considerado como integrante dos mais badalados criminalistas do País, o advogado Roberto Podval, responsável pela defesa do petista, classificou como “pitoresca” a decisão do juiz da Lava-Jato.

“O Moro recebeu a denúncia ontem e se manifestou no sentido de suspender o início da ação por um ano face a desnecessidade de uma ação contra o José Dirceu e outros nesse momento. A solução dada foi pitoresca, mas a princípio concordamos com o juiz. Não há nenhuma necessidade de um novo processo agora. Para nós, não deixou de ser mais uma vitória no caso do José Dirceu”, declarou Podval.


Se a palavra de ordem é “pitoresco”, como sugeriu o criminalista, José Dirceu, que nos últimos anos vem ziguezagueando entre penitenciárias e prisões domiciliares – o que sugere ausência de trabalho remunerado –, precisa explicar como consegue custear uma defesa milionária e objeto do desejo de nove entre dez criminosos do País.

A defesa de criminosos estrelados apanhados pela Operação Lava-Jato é algo que fica na casa dos milhões de reais. Dependendo do tamanho do produto do crime, a atuação de um criminalista conceituado não sai por menos de R$ 5 milhões, com direito a pelo menos 50% do valor pagos de forma antecipada.

Como se sabe, em qualquer parte do planeta criminalistas atuam profissionalmente por diletantismo ou caridade. No Brasil, despesas acessórias como passagens aéreas, hospedagem, transporte e fotocópias são sobradas dos clientes.

A questão não é colocar em xeque a lisura do trabalho do advogado que defende um criminoso, mas de exigir explicações sobre a origem do dinheiro usado para custear a defesa.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades responsáveis, José Dirceu estaria atrás das grades e os corruptos da Lava-Jato teriam de explicar a fonte de recursos usados para custear advogados caríssimos e renomados. Os corruptores por certo conseguem dar essa necessária explicação, mas em relação os corruptos a justificativa está nas respectivas denúncias.

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