Quando o ministro da Defesa recorre à plausibilidade ao falar sobre crime organizado, o fim está próximo

O grande problema do chamado presidencialismo de coalizão, nome pomposo para justificar o loteamento do governo federal entre políticos da base aliada, é a ocupação de cargos importantes por pessoas que sequer conhecem o tema de cada ministério.

Ministro da Defesa e deputado federal licenciado, o pernambucano Raul Jungmann é consultor empresarial, o que não o habilita para posto de tamanha importância. De igual modo, são preocupantes algumas declarações de Jungmann acerca da grave crise que atinge a segurança pública nacional.

Há dias, o ministro disse que a entrada das Forças Armadas na Rocinha, por exemplo, poderia resultar na completa destruição da maior favela brasileira. Isso porque, como sempre afirma o UCHO.INFO, militares não são treinados para enfrentar a violência urbana. Mesmo assim, na opinião deste noticioso a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro é necessária.

Sem que a intervenção tenha produzido resultados efetivos, pois ainda é cedo, líderes das muitas facções criminosas que agem no Rio a essa altura dos acontecimentos estão longe do território fluminense, como era de se esperar. Os criminosos podem ter migrado para estados fronteiriços, levando na bagagem o modus operandi e a sensação de insegurança para outros brasileiros.


Nesta quinta-feira (22), Jungmann disse ser “plausível” que organizações criminosas transfiram seus respectivos comandos para outras unidades da federação.

“Eu acho que é plausível, porque essa migração ocorre, por exemplo, dentro do Rio de Janeiro, dentro de Pernambuco e dentro de Goiás. Onde há uma eficácia maior, o crime de certa maneira migra. Há uma preocupação que a gente tem de cuidar para que não se corporifique”, disse o ministro.

Para quem entende minimamente sobre investigação e combate ao crime, esse movimento das facções já deveria ter sido considerado. Contudo, falar em plausibilidade quando o assunto é crime organizado demonstra que o ministro é despreparado para o cargo.

O calcanhar de Aquiles da segurança pública nacional está na vulnerabilidade dos quase 17 mil quilômetros de fronteiras, onde acontecem de forma deliberada o tráfico de drogas e o contrabando de armas, cujo objetivo é abastecer facções criminosas nas grandes cidades do País.

É preciso diferenciar contenção da escalada da criminalidade no Rio de Janeiro da solução da segurança pública. A primeira necessita de ações imediatas e firmes, ao passo que a segunda depende de uma cesta de políticas governamentais, começando por investimentos em educação e geração de empregos. O que tira boa parte da população das garras do crime organizado.

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