Advogados de Lula receberam R$ 68 milhões de Orlando Diniz, preso em nova fase da Lava-Jato

Objeto de nova fase da Operação Lava-Jato, a prisão do presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ), Orlando Diniz, não causou surpresa. Afinal, o cotidiano brasileiro tornou-se uma enxurrada de escândalos de corrupção, ou seja, temos sempre mais do mesmo. Diniz deixou o prédio onde mora, no bairro do Leblon, Zona Sul carioca, sob vaias e gritos de “ladrão”.

Entre os desvios investigados pela Polícia Federal está a contratação de funcionários fantasmas pelo Sesc e pelo Senac para viabilizar a subtração de recursos. Diniz contratou uma chef de cozinha e uma governanta do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, preso na Operação Calicute e cumprindo pena no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Orlando Diniz presidiu o Sesc-Rio até dezembro do ano passado, quando, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi afastado do cargo por suspeita de irregularidades no comando da entidade. Mesmo assim, de acordo com as investigações, Diniz usava sua influência para atrapalhar a gestão atual do órgão.

No rastro da prisão de Diniz, causou espécie o fato de ele ter gasto, ao longo de quatro anos, R$ 180 milhões com escritórios de advocacia, contratados para mantê-lo no cargo à base de recursos judiciais e outras manobras. Em suma, dinheiro público foi usado ilegal e criminosamente para custear a defesa de Diniz.


Porém, a surpresa fica por conta de dois dos principais escritórios de advocacia contratados por Diniz: o de Adriana Ancelmo – mulher de Sérgio Cabral Filho e que cumpre pena de prisão domiciliar por envolvimento em esquemas de corrupção operados pelo marido – e o de Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Lula na Operação Lava-Jato. Somente o escritório de Teixeira e Zanin recebeu R$ 68 milhões dos R$ 180 milhões gastos por Diniz com advogados. Segundo os investigadores, pelo menos R$ 1 milhão foi pago em espécie.

A Operação Lava-Jato, que tinha data prevista para ser encerrada, parece que não acabará tão cedo. Isso porque a extensão e o entrelaçamento de crimes cometidos durante a era petista não permitirão o fim das investigações.

Honorários no montante de R$ 68 milhões não são pagos nem mesmo por traficantes internacionais de drogas, que dirá por um desqualificado que comandou no Rio de Janeiro o chamado “sistema S”. Nesse enredo tem muita história mal contada (talvez seja estória), mas a verdade há vir à tona quando o cárcere começar a produzir efeito, levando Diniz à delação premiada.

Apenas a título de comparação, na Operação Satiagraha o honorário mais caro pago por um dos presos pela Polícia Federal alcançou a incrível marca de R$ 25 milhões. Ou seja, no caso de Diniz tem muita gente sem dormir porque participou da divisão do butim.

apoio_04