Se Temer tentar a reeleição, Kassab será impelido a estragar os planos de Doria e Geraldo Alckmin

Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, João Agripino Doria Junior é considerado cristão novo no PSDB, mas tentou enfrentar a velha guarda do partido para viabilizar sua candidatura à Presidência da República. Ao perceber que seu projeto não prosperaria, Doria recolheu-se à administração paulistana para cumprir minimamente as muitas promessas de campanha.

Na opinião de boa parte do eleitorado da capital paulista, Doria por enquanto só “fez espuma”, pois insiste em governar à sombra de ações de marketing. E uma cidade com os problemas de São Paulo precisa de ações concretas e desprovidas de pirotecnia.

Apesar de ter caído em desgraça junto aos eleitores paulistanos, João Doria operou nos bastidores do tucanato para viabilizar-se como candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Presidente nacional do PSDB, o governador Geraldo Alckmin teria definido que o candidato tucano ao governo paulista será Doria, mas há quem duvide desse anunciado acordo. Principalmente porque a resistência no partido ainda é grande.

Inexperiente em termos políticos, Doria ofereceu a Gilberto Kassab, presidente do PSD, a vaga de vice, algo que até o último final de semana era dado como certo. Ao escolher Kassab como candidato a vice em chapa que ainda depende de confirmação, o prefeito de São Paulo perdeu terreno e rasgou o discurso da eleição de 2016. Isso porque, se confirmado o acerto com Kassab, o prefeito terá parceiro de chapa que é alvo da Operação Lava-Jato.


O acordo com o PSD, que contempla a indicação do candidato a vice na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, passa obrigatoriamente pelo apoio da legenda a Geraldo Alckmin como candidato à Presidência da República.

O cenário desenhado pelo PSDB começa a apresentar as primeiras trincas, pois Gilberto Kassab declarou nesta segunda-feira (26) que o apoio do partido a Alckmin será revisto no caso de o presidente Michel Temer buscar a reeleição. O que tem lógica, pois Gilberto Kassab é ministro do governo Temer (Ciência, Tecnologia e Comunicações).

Com esse eventual novo cenário, a candidatura de João Doria ao governo de São Paulo começa a desmoronar, já que o apoio de outras legendas é importante para viabilizar o projeto eleitoral do tucano. Ao mesmo tempo, o plano de Alckmin de participar da corrida presidencial também sofre abalo.

No contraponto, Gilberto Kassab, se decidir apostar todas as fichas na eventual candidatura à reeleição de Temer, terá de buscar algum mandato eletivo para continuar na cena política e manter o foro privilegiado. E uma candidatura ao governo paulista, sonho antigo de Gilberto Kassab, não deve ser descartada. O que atrapalharia ainda mais o prefeito paulistano.

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