PT agoniza em meio aos muitos escândalos de corrupção envolvendo “companheiros estrelados”

Cercado por inúmeros escândalos de corrupção protagonizados por diversos “companheiros”, o Partido dos Trabalhadores enfrenta momento de extrema dificuldade ao planejar o futuro da legenda. Com o principal líder petista, Lula, condenado à prisão por corrupção e lavagem e dinheiro no caso do apartamento tríplex no Guarujá, no litoral paulista, o partido vinha acalentando a possibilidade de agarrar-se ao chamado “plano B”, mas essa estratégia parece desmoronar com o passar dos dias.

Com a inelegibilidade de Lula considerada por muitos como irreversível, a cúpula do PT passou a alimentar a possibilidade de lançar um candidato à Presidência da República que teria como cabo eleitoral o próprio ex-metalúrgico. Contudo, os planos do partido ruíram nos últimos dois meses devido a acusações de corrupção que atingem dois dos seus principais presidenciáveis; Fernando Haddad e Jaques Wagner.

Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad foi indiciado pela Polícia Federal, em janeiro passado, por uso de caixa 2 na campanha eleitoral de 2012. O indiciamento se deu no âmbito de um desdobramento da Operação Lava-Jato, na esteira da homologação, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, sócio da empreiteira UTC, um dos muitos envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras, o Petrolão.

Em depoimento às autoridades, Pessoa afirmou que, após as eleições de 2012, foi procurado por João Vaccari Neto, então tesoureiro do PT, para que pagasse despesa no valor de R$ 3 milhões com a gráfica de propriedade de um homem chamado Chicão.

Ex-diretor Financeiro da UTC, Walmir Pinheiro revelou à força-tarefa da Lava-Jato que tentou negociar com Chicão um parcelamento do valor, mas não teve sucesso. A solução foi um desconto para o pagamento à vista – R$ 2,6 milhões. A gráfica em questão produziu materiais de divulgação para a campanha de Fernando Haddad.


Na outra ponta do universo de escândalos que devora o PT, Jaques Wagner foi indiciado na segunda-feira (26) pela Polícia Federal sob a suspeita de ter recebido R$ 82 milhões em propina da obra de reconstrução do Estádio Fonte Nova, em Salvador. Esse episódio, que ainda está na fase investigatória, implodiu uma eventual candidatura de Wagner ao Palácio do Planalto.

A situação do PT começa a se deteriorar com impressionante rapidez, pois outro cacique da legenda, que vem dando ordens à distância, também está condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes correlatos. Ex-chefe da Casa Civil e citado nos bastidores como responsável pelas estratégias dos protestos da esquerda nacional, José Dirceu foi condenado à prisão no âmbito da Lava-Jato e aguarda em liberdade julgamento de recursos interposto à Justiça.

Presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, a senadora paranaense Gleisi Helena Hoffmann está a um passo de ser condenada por corrupção e lavagem de dinheiro no escopo do Petrolão, além de ser alvo das investigações da Operação Custo Brasil, que desmontou esquema de desvio de mais de R$ 100 milhões de servidores federais e aposentados que recorreram a empréstimos consignados através do sistema Consist.

Escolhida para comandar o PT e ao mesmo tempo atuar como para-choque de Lula diante das graves acusações de corrupção que implodiram o currículo do ex-presidente, Gleisi Helena vem adotando estratégia considerada tiro no pé por muitos petistas, pois vale-se de notícias mentirosas e ataques grosseiros à Justiça e à imprensa nacional.

Com a inelegibilidade de Lula, o plano do PT era lançar um candidato à Presidência que conseguisse pelo menos puxar votos para os companheiros que disputarão vagas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Isso porque o partido teme que as respectivas bancadas encolham a partir do próximo ano, o que refletirá na quota do fundo partidário a que a legenda tem direito.

Porém, chama a atenção a questão aritmética envolvendo os “generais’ petistas. Lula, que afirmou em juízo ter renda mensal de aproximadamente R$ 30 mil, conseguiu a proeza de contratar defesa milionária, com direito a contar com os serviços do advogado australiano Geoffrey Robertson, especialista em direitos humanos e com elegante escritório em Londres. José Dirceu, que não trabalha desde o momento em que foi condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT), é defendido na Lava-Jato por um dos mais badalados criminalistas do País.

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