Presidente do Partido Ecológico Nacional está disposto a desistir de ação que pode livrar Lula da prisão

Há muito mais coisas erradas nos bastidores da política brasileira do que imagina a vã filosofia. Isso porque o presidente do Partido Ecológico Nacional (PEN/Patriotas), Adilson Barroso, disse nesta segunda-feira (9), em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que pretende desistir da ação do partido que questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão em segunda instância. A depender da decisão da Corte, a ação pode o ex-presidente Lula, condenado à prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Os advogados do PEN reuniram-se para avaliar a possibilidade de desistir do pedido de liminar que está sob a relatoria do ministro Marco Aurélio Mello. O questionamento da prisão após sentença de segundo grau consta da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 43.

Para provar que a política no Brasil está longe de ser uma atividade marcada pela seriedade, Barroso tentou justificar a mudança de ideia. “Se tiver jeito de retirar, eu retiro”, disse o dirigente ao Estadão.

“Se não tiver jeito, o que vou fazer? A lei é igual para todos. Eu não entrei pelo Lula. Entramos com esse processo há dois anos pensando na sociedade e não em petista, até porque sou de direita. Nunca defendi petista, nunca gostei do PT. Lula não tinha processo contra ele. Agora vem a possibilidade de ajudar a esquerda que mais criou problema de corrupção no País”, emendou o presidente do PEN, como se o Judiciário fosse uma casa de apostas.

“Não entrei com processo para defender cidadão que cometeu crime, mas para que os ministros dessem uma compreensão, uma orientação para nós se pode ou não pode prender, e eles já disseram que pode. Era só isso que eu queria saber. Que se cumpra a Justiça e seja firme no que se falou há um tempo. Não pode mudar o voto agora.”


A ação é considerada pela milionária defesa de Lula como a derradeira saída para livrar o petista da prisão. O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, pretende levar o pedido de liminar na ação do PEN para a análise do plenário da Corte na próxima quarta-feira (11).

Os defensores de Lula apostam na mudança de voto da ministra Rosa Weber, que no julgamento do habeas corpus preventivo impetrado em favor do ex-metalúrgico deixou pistas de que poderia mudar seu entendimento acerca da matéria.

O presidente do PEN está disposto a destituir o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, e constituir outro causídico para levar adiante a anunciada desistência, que, é importante destacar, aniquilou as esperanças dos petistas. “Como agora está servindo para o Lula, aí todos estão contra, portanto eu também estou tentando retirar essa procuração que dei para o Kakay”, disse Adilson Barroso.

“Eu constituí o Kakay de boa fé, a pedido dele e de mais algumas pessoas que me procuraram e mostraram que na Constituição a gente tinha direito de defesa, e que milhares de pobres seriam presos após a segunda instância e poderiam depois ser absolvidos na terceira instância. Fui convencido em consultar o Supremo”, disse o presidente do PEN.

Fato é que a história em questão é muitíssimo mal contada e em algum momento a verdade há de prevalecer. Não será novidade se, ao final do imbróglio, descobrir-se que alguém não cumpriu o que combinou. Algo comum na política brasileira.

apoio_04