França e Reino Unido defendem ataques aéreos na Síria

Os primeiros-ministros da França e do Reino Unido defenderam nesta segunda-feira (16), perante parlamentares dos seus respectivos países, os ataques aéreos realizados na Síria no sábado e coordenados em parceria com os Estados Unidos.

Ao falar diante do Parlamento britânico, a primeira-ministra Theresa May afirmou que o bombardeio contra instalações do regime sírio foi a decisão correta dos “pontos de vista legal e moral”, apesar de não contar com a anuência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

May destacou aos parlamentares que a operação militar não visava intervir na guerra nem impulsionar uma mudança de regime, mas ressaltou que o bombardeio “foi um ataque efetivo e com objetivos limitados para aliviar o sofrimento dos cidadãos sírios”.

“Não podemos permitir que o uso de armas químicas se normalize na Síria ou nas ruas do Reino Unido”, afirmou a premiê, que disse haver “claras evidências” de que o regime sírio está por detrás do ataque que matou ao menos 40 pessoas em Douma.

May ouviu críticas de parlamentares. O líder da oposição, Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, sustentou que a ação é legalmente questionável, pois não conta com a aprovação da ONU. Corbyn acusou a premiê de seguir ordens do presidente americano, Donald Trump, e sugeriu uma alteração na legislação para que ações militares sejam permitidas apenas após aprovação do Parlamento.

Em resposta, a primeira-ministra destacou que não apoiou o ataque por ser um pedido de Trump. “Fizemos isso por acreditar que era a coisa certa a se fazer, e não estamos sozinhos”, acrescentou.


“Armas químicas não serão toleradas”

Na França, o primeiro-ministro Édouard Phillipe afirmou a parlamentares que os bombardeios não são o prelúdio de uma guerra e destacou que o uso de armas químicas pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, não será tolerado.

“O ataque foi cuidadosamente proporcional a alvos circunscritos ao programa químico, realizado de forma seletiva para evitar danos aos civis e projetada para evitar uma escalada de violência”, disse Phillipe ao prestar esclarecimentos sobre as ações do governo à Assembleia Nacional.

Phillipe seguiu a linha das declarações do presidente Emmanuel Macron, que afirmou no domingo que os bombardeiros eram indispensáveis para recuperar a credibilidade da comunidade internacional.

O primeiro-ministro criticou os vetos da Rússia no Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria e citou que o Kremlin bloqueou em seis oportunidades resoluções sobre o uso de armas químicas de Assad. “Não entramos em guerra contra a Síria ou contra o regime de Assad. Mas nenhuma solução política será firmada se deixarmos impunes o uso de armas químicas”, disse.

Phillipe afirmou que a utilização desse tipo de armamento é uma “linha vermelha” estabelecida por Macron desde que assumiu o poder. E esclareceu que o posicionamento é claro e não vai mudar.
O primeiro-ministro fez ainda um apelo ao multilateralismo para resolver o conflito na Síria, incluindo nas discussões a própria Rússia, aliada de Assad, e potências da região, como a Arábia Saudita. (Com agências internacionais)

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