Desabamento em SP: imprensa busca culpados, mas deveria mirar os “coiotes” que extorquiam invasores

O desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, no centro da cidade de São Paulo, foi uma tragédia anunciada, pois autoridades simplesmente insistem em ignorar o que de fato ocorre em muitas ocupações que se espalham na maior metrópole do País.

Por questões conhecidas a imprensa, como um todo, vem explorando a tragédia das mais distintas formas, pois a audiência consome com certa voracidade esse tipo de informação. Talvez porque a desgraça alheia sirva de consolo para uma sociedade vilipendiada diuturnamente pelo Estado.

Não há como deixar de lamentar o ocorrido, mas os veículos de comunicação insistem não apenas em explorar o caso à exaustão, mas em encontrar um culpado para o acidente. É fato que alguém será responsabilizado ao final, mas é preciso atentar para detalhes que até agora sequer foram citados no noticiário.

A questão que paira sobre o desabamento é quem estava à frente da invasão de um prédio público desocupado e cobrando aluguel de pessoas que não têm onde morar. De chofre foi noticiado que cada família que residia no local pagava entre R$ 250 e R$ 500 por mês, mas horas depois do desmoronamento surgiu a informação de que o valor cobrado era de R$ 80 e servia para a manutenção do prédio. A informação sobre o valor foi desmentida na sequência por moradores.

Considerando que aproximadamente cem famílias moravam no edifício que veio abaixo após incêndio, o criminoso que cobrava aluguel arrecadava, em média, R$ 30 mil mensais. A justificativa de que o valor cobrado era destinado à manutenção do edifício é conversa fiada da pior qualidade. Se o “dono do negócio” destinava um quinto do valor cobrado dos moradores à alegada manutenção (sic), sobrava a cada mês R$ 24 mil.


É preciso que as autoridades reconheçam que invasão na maior cidade brasileira tornou-se um negócio tão criminoso quanto lucrativo, que se esconde debaixo do discurso da luta por moradia. O caso do Edifício Wilton Paes de Almeida é a ponta de um iceberg de lama, pois situações idênticas devem ocorrer na maioria dos 70 prédios invadidos na região central da capital paulista.

Há cinco anos ou mais o UCHO.INFO alertou para a necessidade de os órgãos competentes realizarem um pente fino nos prédios invadidos, pois além de abrigar traficantes de drogas e integrantes de facções criminosas, essas invasões servem de palco para oportunistas que exploram a miséria alheia e lucram de forma absurda, a ponto de viverem com aviltante conforto.

Em uma dessas invasões, o editor deste portal flagrou a líder da ocupação deixando o local e indo em busca do seu automóvel. Não demorou muito e a defensora dos “sem teto” saiu pelas ruas centrais de São Paulo a bordo de uma camionete avaliada em R$ 40 mil.

Em suma, o mais importante no momento, além de cobrar uma solução para as famílias ora desabrigadas, é exigir das autoridades uma investigação rigorosa para identificar os responsáveis pela locação de espaços em prédio público ocupado criminosa e ilegalmente.

Por outro lado, as invasões de prédios desocupados têm funcionado como catapulta dos discursos mambembes da esquerda nacional, que cada vez mais aposta na miséria da população carente como plataforma de sobrevivência política. Tanto é assim, que na esteira do mencionado desabamento o líder do MTST, Guilherme Boulos, presidenciável do radicalíssimo PSOL, limitou-se a dizer que é preciso investigar as causas do incêndio. Boouos sequer compareceu ao local da tragédia, uma vez que estava em Curitiba engrossando manifestação a favor do alarife Lula.

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