Brasil espera taxas norte-americanas ao aço e alumínio

O governo brasileiro negou, na quarta-feira (2), acordo preliminar com os Estados Unidos sobre a isenção das tarifas sobre o aço e alumínio. O anúncio contradiz a informação divulgada na segunda-feira pela Casa Branca.

Em nota conjunta, o Itamaraty e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços afirmaram que as negociações para a isenção das sobretaxas americanas ao aço e alumínio brasileiros foram suspensas em 26 de abril pelo governo dos EUA.

“Cabe ressaltar que quaisquer medidas restritivas que venham a ser adotadas serão de responsabilidade exclusiva do governo dos EUA. Não houve ou haverá participação do governo ou do setor produtivo brasileiros no desenho e implementação de eventuais restrições às exportações brasileiras”, destaca a nota.

O Brasil ameaçou entrar com ações a nível internacional para preservar seus direitos e interesses. “O governo brasileiro lamenta que o processo negociador tenha sido interrompido e reitera seguir aberto a construir soluções razoáveis para ambas as partes”, acrescenta a nota.

O País foi inicialmente eximido das tarifas de 10% ao alumínio e de 25% ao aço, impostas em março pelo presidente americano Donald Trump. A suspensão ocorreu durante a fase de negociação de acordos comerciais paralelos. Na segunda-feira, os EUA chegaram a anunciar um acordo preliminar com o Brasil, a Argentina e a Austrália.

No anúncio, a Casa Branca não deu detalhes sobre o suposto acordo e disse que as informações seriam divulgadas em breve. O governo brasileiro se manteve em silêncio até a divulgação da nota dos ministérios, que apresentou uma versão diferente da americana.

Na nota, o governo destacou que buscou evitar a sobretaxa e esteve aberto nas negociações. Os ministérios ressaltaram que 80% das exportações de aço do Brasil são produtos semiacabados e lembrou que o país é o maior importador de carvão siderúrgico dos EUA, usado principalmente no produto que será exportado para a indústria americana.


Com relação ao alumínio, a nota afirma que as exportações brasileiras são pequenas e que os EUA possuem um superávit no comércio com o Brasil.

O governo informou que, com a suspensão das negociações pelos EUA, o setor de alumínio concordou em pagar a sobretaxa, já o do aço optou pela imposição de cotas de exportação por estas serem “menos restritivas em relação à tarifa de 25%”.

“O governo brasileiro mantém a expectativa de que os EUA não prossigam com a aplicação de restrições, preservando os fluxos atuais do comercio bilateral nos setores de aço e alumínio”, finaliza o texto.

Casa Branca mantém versão

Após a divulgação da nota, a Casa Branca voltou a afirmar que os EUA e o Brasil chegaram a acordo preliminar sobre o caso e ameaçou impor as tarifas caso a negociação não seja concluída em breve.

“Os Estados Unidos e o Brasil alcançaram um acordo, em princípio, sobre um meio alternativo satisfatório para abordar a deficiência nas importações do aço e alumínio que ameaçam nossa segurança nacional”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walter, em comunicado.

“Os detalhes deste acordo não foram finalizados. Se meios alternativos não forem finalizados em breve, o presidente reconsiderará reimpor as tarifas”, acrescentou a porta-voz.

Ao todo, 32% do aço exportado pela indústria brasileira têm como destino os Estados Unidos. Com isso, o país figura como o segundo maior exportador para o mercado americano, com 4,7 milhões de toneladas embarcadas em 2017. Só perde para o Canadá, que exportou 5,8 milhões de toneladas ano passado.

Entre as principais empresas brasileiras do setor do aço estão a mineradora Vale, maior produtora e exportadora mundial de ferro, o grupo Gerdau, maior produtor de aço da América Latina, que tem fábricas em 14 países, a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Nacional. (Com agências internacionais)

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