Desabamento em SP: Bruno Covas precisa explicar presença de líder de invasão em sua festa de aniversário

Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, o tucano Bruno Covas assumiu o posto após a renúncia do correligionário João Agripino Doria Junior, pré-candidato do PSDB ao governo paulista. Se por um lado Doria é conhecido pelo estilo “bateu, levou”, o que abre caminho para muitas declarações absurdas e desconexas, por outro Covas é adepto do silêncio quase obsequioso.

Horas após o desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida, na região do Largo do Paissandu, no centro paulistano. João Doria afirmou que o imóvel fora invadido por uma facção criminosa. Em outras palavras, o ex-prefeito, que não mede o que fala, deu a entender que todos os integrantes da ocupação são criminosos. Na verdade, muitas pessoas “sem teto” acabaram reféns de criminosos profissionais que fazem das invasões um negócio ilícito e altamente rentável.

O discurso torpedeiro de Doria durou pouco, até a divulgação de uma foto em que o ex-prefeito aparece abraçado a Ananias Pereira, líder da invasão do edifício que desmoronou após pegar fogo, na madrugada do dia 1º de maio.

A assessoria de João Doria não demorou muito para alegar que a foto foi tirada durante festa em comemoração do aniversário de Bruno Covas, em 17 de abril de 2017. Os assessores lembraram também que a foto foi tirada a pedido de Ananias, que demorou muito para dar explicações sobre as graves acusações de cobrava aluguel de até R$ 400 mensais dos moradores do edifício que um dia abrigou a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.


Tomando como verdadeira a informação de que a foto registrou um momento do aniversário de Bruno Covas, o atual prefeito de São Paulo precisa explicar como Ananias Pereira conseguiu entrar no evento. Alguém há de dizer que tratava-se de evento aberto ao público, mas não é assim que acontecem encontros de políticos e seus bajuladores, especialmente em tempos de crise institucional e escândalos de corrupção por toda parte.

Em entrevista ao jornalista Valmir Salaro, da Rede Globo, Ananias disse, em reportagem exibida pelo dominical Fantástico, que trabalha com eventos. Em dado trecho da entrevista, o outrora líder da invasão afirmou ser ambulante. É nesse ponto que as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar.

Por ocasião da tal festa de aniversário, Bruno Covas acumulava o mandato de vice-prefeito com o cargo de Secretário das Prefeituras Regionais do município. A pasta controla (sic) as antigas administrações regionais, alvo recorrente de denúncias de corrupção por parte de fiscais da prefeitura. Inclusive o UCHO.INFO já denunciou esquema criminoso comandado por fiscais que semanalmente extorquem ambulantes que trabalham no entorno dos estádios de futebol.

Ananias Pereira não participou da festa de aniversário de Covas na condição de intruso e ilustre desconhecido. Chegou ao local pelas mãos de alguém ligado à administração municipal, talvez sob as asas de algum prefeito regional. Considerando que essa epopeia embusteira está apenas no começo, Bruno Covas precisa explicar os fatos antes que seja tarde demais.

Com a palavra, o prefeito da cidade de São Paulo, que tem a responsabilidade de carregar o sobrenome de um dos respeitados políticos brasileiros, o ex-governador Mário Covas.

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