Lula reitera em carta sua inocência, enquanto Gleisi garante que campanha à Presidência está pronta

Condenado a doze anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem e dinheiro na ação penal que teve no cardápio o polêmico apartamento triplex no Guarujá, no litoral paulista, o ex-presidente Lula insiste em afirmar que é inocente, assim como não desiste de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Inelegível com base na Lei da Ficha Limpa, o petista sabe que se “jogar a toalha” neste momento levará o Partido dos Trabalhadores a uma cizânia jamais vista.

O PT é palco de discórdias que brotam das mais distintas correntes partidária, o que vem dificultando a manutenção do discurso de que Lula participará da corrida presidencial de qualquer maneira. Entre o que Lula e sua turba afirmam e o que determina a legislação vigente há uma considerável diferença, mas é compreensível a cantilena petista para salvar o único líder do partido.

Enquanto a Justiça rechaça os recursos apresentados pela dourada defesa de Lula, parte da cúpula do PT insiste na tese da candidatura do ex-presidente. Tanto é assim, que a presidente nacional da legenda, senadora Gleisi Helena Hoffmann, afirma que a campanha do ex-metalúrgico está pronta.

Para justificar sua fala, que vai na contramão da lógica jurídica, Gleisi Helena alega que, em 2016, muitos políticos estavam inelegíveis pela Lei da Ficha, mas, mesmo assim, assumiram mandatos. A senadora paranaense tem o direito constitucional de externar o próprio pensamento, mas a Justiça Eleitoral, mais precisamente o TSE, já sinalizou que o registro da candidatura de Lula será rejeitado.

“Isso aconteceu com 145 prefeitos que ganharam a eleição em 2016. Todos concorreram com o registro indeferido e depois das eleições tiveram até a diplomação para suspender a inelegibilidade. Muitos conseguiram. Isso é possível. Tem viabilidade eleitoral e legal ainda que mantenham o Lula preso”, declarou Gleisi em entrevista à Rádio Metrópole.

A afirmação de Gleisi tem como base a teoria esdrúxula de que Lula foi condenado sem provas e que sua prisão é ilegal e arbitrária. Gostem ou não os esquerdistas, Lula teve garantido o amplo de defesa, respeitou-se o devido processo legal e a condenação está respaldada em provas e depoimentos comprometedores.

Lula, por sua vez, afirma que mantém sua candidatura porque do contrário estaria assumindo o cometimento de um crime. Por outro lado, o petista-mor evita que o partido se bandeie para o lado de Ciro Gomes, presidenciável do PDT e considerado a tábua de salvação da esquerda brasileira na eleição de outubro próximo.


Em carta enviada à presidente do PT, Lula afirma: “Os meus acusadores sabem que sou inocente. Procuradores, juiz,TRF-4, eu sou inocente. Os meus advogados sabem que eu sou inocente. A maioria do povo sabe que eu sou inocente.”

Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro e os desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 sabem que Lula é culpado. Por isso o ex-presidente foi condenado à prisão. Os advogados podem não ter sobre sua inocência, mas por obrigação profissional “vendem” a ideia de que o cliente não é culpado.

Em relação à maioria da população, Lula está enganado. Diferentemente do que destaca o mais notório dos petistas, a maioria dos brasileiros tem certeza de que ele é culpado. Em suma, os petistas pela primeira vez combinaram o discurso e têm falado de forma uníssona em inocência.

“Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime. Não cometi nenhum crime. Por isso sou candidato até que a verdade apareça e que a mídia, juízes e procuradores mostrem o crime que cometi ou parem de mentir”, escreveu Lula.

É importante ressaltar que a imprensa não mente, apenas noticia os fatos. No contraponto, veículos de comunicação que rezam pela cartilha esquerdista desinformam de acordo com a necessidade do petista. Em relação aos crimes cometidos, a ação penal em questão não deixa dúvidas a respeito do assunto.

“O povo merece respeito. O povo tem que ter seus direitos e uma vida digna. Por isso queremos uma sociedade sem privilégios para ninguém, mas com direitos para todos”, emendou o chefe do Petrolão.

Beira a bazófia o responsável pelo período mais corrupto da história nacional afirmar que o povo merece respeito. Com a aquiescência e a participação de Lula, o PT mergulhou na lama do maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, mas Lula ousou escrever sobre direitos para todos.

O melhor que Lula pode fazer, considerando a sequência dos fatos, é reconhecer que foi condenado à prisão de acordo com a lei e que nada mais há para fazer, a não ser esperar o tempo passar. E doze anos – um mês já passou – não é tanto tempo.

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