Republicanos e democratas criticam decisão irresponsável de Trump de abandonar acordo com o Irã

A decisão irresponsável e intempestiva de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã causou, internamente, reações das principais lideranças dos partidos Republicano e Democrata, sobretudo no Congresso.

A maioria republicana apontou erros que precisavam ser corrigidos, mas vários líderes viram de forma crítica a ruptura com países aliados. Os democratas criticaram, seguindo a linha do ex-presidente Barack Obama, que na terça-feira (8) classificou a decisão de Trump como “grande erro”.

Os republicanos que elogiaram a decisão, destacaram que o acordo de 2015 não era sólido, seguindo argumentos de Trump sobre as falhas do pacto em impedir que o Irã apoie grupos terroristas no Oriente Médio.

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, afirmou que o pacto “foi falho desde o início” e que espera trabalhar para melhorá-lo junto ao presidente Trump. “Na minha opinião é um negócio falho e podemos fazer melhor. Claramente, há um próximo passo além disso e estamos ansiosos para ver, como faremos isso”.

O discurso moderado sobre “melhorar o acordo” foi, de certa forma, defendido pelo próprio Trump, porque ao retirar os Estados Unidos do pacto vigente, ele afirmou que pretende melhorar os termos – posição que os países da Europa defenderam, mas pelo viés do diálogo, ao invés da ruptura em um primeiro momento.

A imprensa norte-americana destacou o movimento do vice-presidente Mike Pence e do próprio Trump, horas antes do anúncio, para informar os líderes do Congresso sobre intenção de estudar uma maneira de melhorar os termos do acordo.

O senador republicano Bob Corker, do Tennessee, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disse ter conversado com líderes europeus e “que espera poder negociar condições melhores”.

“É decepcionante que a administração não tenha conseguido chegar a um acordo com nossos aliados”, afirmou em tom crítico. Mas o senador declarou que “acredita que a gestão Trump agirá rapidamente para trabalhar em direção de um acordo melhor”.


O senador republicano Jeff Flake, do Arizona, afirmou que permitir que o Irã contorne as restrições impostas a seu programa nuclear “seria imprudente”, mas que a saída do acordo foi uma decisão errada.

“Estamos tendo problemas suficientes em todo o mundo em termos de confiabilidade”, disse Flake. “Os nossos aliados internacionais devem estar coçando a cabeça, seja em um acordo comercial ou de segurança. A América é confiável?”, ponderou o republicano.

Na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), o presidente Paul Ryan, deputado republicano, evitou polemizar o tema, mas afirmou esperar que o governo dos EUA “trabalhe com os aliados para alcançar consenso em abordar uma série de comportamentos iranianos desestabilizadores”. Ryan comentou que espera que o país consiga dialogar durante o período de implementação das sanções, entre 90 a 180 dias.

Espetáculo de irresponsabilidade

Acreditando ser xerife do universo, o que, na sua concepção, lhe dá poderes para colocar o planeta de pernas para o ar, Donald Trump é um détraqué mimado que não tem o que mostrar em termos de realizações, por isso faz as vontades absurdas dos aliados (Israel e Arábia Saudita), como se o Oriente Médio devesse ser tratado com irresponsabilidade e fanfarronices.

A decisão de Trump não apenas aumenta a tensão no Oriente Médio, mas dá força ao movimento radical iraniano, que tem entre suas mais proeminentes figuras o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, conhecido por ser contrário ao acordo nuclear com o Irã.

A saída dos EUA do acordo acontece às vésperas do encontro entre Donald Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, cujo objetivo é interromper o programa nuclear e a produção de misseis balísticos por parte do governo de Pyongyang.

O novo cenário, decorrente da decisão estabanada de Trump. suscita dúvidas sobre as intenções da Casa Branca em relação a um possível acordo com o presidente da isolada Coreia do Norte. (Com agências de notícias)

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