Um dos ícones do “jornalismo literário”, o irreverente Tom Wolfe morre aos 88 anos em Nova York

Escritor e um dos maiores e mais inovadores nomes do jornalismo do século XX, o americano Tom Wolfe morreu na segunda-feira (14) aos 88 anos.

Autor do livro-reportagem “The right stuff” (que rendeu o premiado filme “Os eleitos”) e do romance “A fogueira das vaidades” (adaptado para o cinema), Wolfe estava internado em um hospital de Manhattan, em Nova York, para se tratar de uma infecção, segundo sua agente, Lynn Nesbit.

Tom Wolfe foi um dos autores mais influentes do movimento “New Journalism” (também chamado de Jornalismo Literário), que a partir da década de 60 revolucionou a escrita de não ficção e teve como expoentes Gay Talese, Truman Capote (1924-1984) e Norman Mailer (1923-2007).

Em suas longas reportagens autorais, esses escritores passaram a tratar o jornalismo como uma forma de arte ao aproximá-lo da literatura. Usavam técnicas e recursos de narrativa e de edição até então associados a romances, contos e ensaios.

No caso de Wolfe, a sátira, o humor irônico, a irreverência e a habilidade impar com a linguagem tinha lugar garantido em estilo redacional ousado. O jornalista mesclava passagens eruditas e sofisticadas com momentos em que buscava representar a linguagem oral e desafiava a gramática. Misturava gírias e neologismos, valia-se da incomum pontuação em seus textos.

Nascido Thomas Kennedy Wolfe, em Richmond (Virginia), o jornalista deixa a mulher, Sheila Wolfe, designer gráfica e ex-editora de arte da revista “Harpers”, com quem foi casado por 48 anos, os filhos Thomas e Alexandra.


“A fogueira das vaidades” e “Os eleitos”

Além de livros-reportagem e coletâneas não ficcionistas, como “Radical Chique e o Novo Jornalismo” (Companhia das Letras), Tom Wolfe escreveu obras de ficção, como “A fogueira das vaidades”, lançado em 1987.

O romance foi adaptado para o cinema em 1990, em filme homônimo dirigido por Brian De Palma e estrelado por Tom Hanks, Bruce Willis e Melanie Griffith.

Outra obra de Wolfe que virou filme foi “Os eleitos” (Rocco). Neste livro-reportagem, o jornalista contou a história de pilotos de provas transformados em astronautas em um projeto espacial pioneiro dos Estados Unidos.

Chamado “Os eleitos – Onde o futuro começa”, de 1983, o longa com Sam Shepard, Scott Glenn, Ed Harris e Dennis Quaid ganhou quatro estatuetas do Oscar.

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