Greve não pode ser usada para atacar a democracia, alerta líder do PPS na Câmara dos Deputados

Preocupado com os rumos que a greve dos caminhoneiros vem tomando no País, o líder do PPS na Câmara dos Deputados, federal Alex Manente (SP), alertou nesta terça-feira (29) para a atuação de grupos antidemocráticos no movimento nacional dos transportadores rodoviários de carga. Além de ameaçar companheiros, forçando-os a participar da mobilização, pressionar donos de postos de combustíveis e motoristas de caminhões-tanque para impedir o abastecimento e o direito constitucional de ir e vir, alguns grupos se utilizam da greve para defender a intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional.

“Se eles têm hoje o direito de se manifestar livremente, de fazer greve, é porque muitos outros brasileiros, em muitos casos até seus pais, lutaram para restabelecer a democracia no país. Então é um contrassenso e um ataque a democracia utilizar a greve para defender a volta de um regime autoritário que tanta arbitrariedade e atraso trouxe para o Brasil. Isso não é admissível e nesse ponto a Justiça precisa agir”, defendeu o parlamentar.

Alex Manente também criticou o uso político, meramente eleitoreiro, que também está tomando conta de parte de movimento, em muitos casos insuflado por partidos políticos. “Não podemos esquecer que foram os governos do PT, de Lula e Dilma, os responsáveis pela quase falência da Petrobras, de tanto que dilapidaram o patrimônio da empresa com esquemas de corrupção e com políticas erráticas de controle do preço dos combustíveis. Agora, em vez de ajudar o Brasil, querem tirar benefício eleitoral da greve e mais uma vez prejudicar a Petrobras, que já perdeu R$ 126 bilhões em valor de mercado. Esse uso político contra a maior empresa do país precisa ser mais uma vez combatido”, disse o deputado, que lembra que no governo Dilma, quando estourou o escândalo do Petrolão, a estatal perdeu seu valor histórico, em torno de 700 bilhões de dólares, e despencou à casa dos 70 bilhões.

Na avaliação do líder do PPS, a maioria das reivindicações justas dos caminhoneiros já foi atendida e está na hora da continuidade da negociação na base do diálogo e não do acirramento político que só tem prejudicado a população. “Hoje o brasileiro enfrenta a falta de combustíveis, de alimentos, de serviços públicos e tem enorme dificuldade de atendimento em hospitais. Escolas estão fechadas, cirurgias foram canceladas, enfim, o país está enfrentando uma série de problemas que poderiam ser evitados. Sem falar que com a desabastecimento os preços estão disparando e atingindo em cheio o bolso do trabalhador. Vivemos uma situação muito perigosa”, alertou.


Aumento de impostos

Alex Manente também criticou a possibilidade de aumento de outros impostos para garantir a redução do preço do diesel, como cogitou na segunda-feira o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. “Aí é fechar a tampa do caixão. Neste momento o governo deveria se antecipar e pensar em meios de reduzir os impostos dos outros combustíveis utilizados pela grande maioria da população que já não aguenta mais arcar com essa tributação abusiva”, sugeriu o líder do PPS.

O parlamentar paulista não pode engrossar a turba de oportunistas apenas porque precisa modular o discurso em anos de eleições. Por obrigação do cargo, Manente deve saber como funciona o orçamento da União, que não permite cortes de forma tão simples quanto sugerem alguns políticos mais exaltados. No momento em que o País vive às voltas com um déficit bilionário (R$ 139 bilhões), é ingenuidade imaginar que a redução no preço do diesel não exige provisão de recursos oficiais.

Para estancar a criminosa paralisação dos caminhoneiros, o governo privilegiou uma categoria com o suado dinheiro do contribuinte, em detrimento de outras tantas existentes no País. Não obstante, a população precisa estar ciente de que em algum momento setores do Estado apresentarão mais falhas por falta de recursos. Ou seja, aritmética pura e simples.

Por outro lado, faz-se necessário destacar que o Brasil continuará despertando a desconfiança dos grandes investidores – nacionais e internacionais – enquanto não equilibrar as contas públicas. A não ser que o brasileiro esteja disposto a enfrentar a difícil situação fiscal que chacoalhou a Grécia durante longo período, com direito a intensa instabilidade na política local. Resumindo sem a consciência coletiva e o esforço de todos, o Brasil continuará andando para trás. Ou pensa-se o País no logo prazo, ou joga-se a toalha.

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