Paralisação dos caminhoneiros revelou lerdeza dos parlamentares e preguiça política dos brasileiros

Não é de hoje que o UCHO.INFO alerta para a necessidade de o brasileiro se preocupar com as coisas da política, não apenas com os escândalos, mas especialmente com o que os políticos fazem (mal) e deixam de fazer. Para isso é preciso vontade, além de doses rasas de raciocínio lógico.

Com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder central, o Congresso Nacional foi transformado em um enorme e escandaloso balcão de negócios, comandado por delinquentes que se escondem debaixo do mandato eletivo. Em vez de se preocuparem com temas de interesse do País e da população, os parlamentares dedicam-se a escambos criminosos, os quais funcionam como prefácio de votações encomendadas pelo Palácio do Planalto. Resumindo, institucionalização da corrupção.

Não obstante, deputados federais e senadores não dispensam uma só chance de embarcar no oportunismo barato que marca a política nacional. Esse oportunismo exacerba-se em ano eleitoral, quando, de olho na reeleição, políticos tentam aplacar os anseios de uma sociedade abandonada e que acredita em promessas embusteiras.

O introito acima serve para mostrar que a ordem no Congresso é “colocar a tranca na porta depois da casa arrombada”. Essa teoria ficou evidente mais uma vez com a decisão do Parlamento de colocar em votação regras para o transporte rodoviário de cargas, como se a essa altura qualquer medida pudesse solucionar um problema crônico e conhecido, que veio à tona na esteira da paralisação dos caminhoneiros.

Estabelecer regras para o transporte de carga nas rodovias do País é aceitar a ideia de que o Estado pode ingerir a qualquer momento no negócio privado. Quando isso acontece, algo errado existe. Assumido o mandato parlamentar, cada político sente-se como integrante da árvore genealógica de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada maravilhosa. Todos, sem exceção, creem ser dotados de inteligência muito acima da média e conhecedores dos mais distintos temas.

Nos últimos anos, os mesmos políticos que ora tentam organizar o setor de transporte de cargas sequer perceberam a bomba que em algum momento explodiria sem pompa e circunstância. Isso porque nos governos petistas os benefícios fiscais impulsionaram a venda de caminhões, mas a recessão econômica deixada por Lula e Dilma Rousseff acabou com o consumo e, por consequência, com a produção e o transporte de produtos. Em outras palavras, sobram caminhões, faltaram cargas. E caos não demorou a surgir.


Enquanto Lula e Dilma brincavam de patrocinadores de uma economia falsamente pujante, deputados e senadores comemoravam o avanço do troca-troca entre o Congresso e o Palácio do Planalto, sem qualquer nesga de preocupação com o que poderia acontecer com o País mais adiante.

Atender às reivindicações dos caminhoneiros custará ao contribuinte, não ao governo, aproximadamente R$ 14 bilhões até o final deste ano. Esse problema poderia ser evitado caso o governo estivesse em situação confortável em termos fiscais, mas não é o caso, pois o déficit previsto para este ano é de R$ 139 bilhões. E não tão cedo será solucionado.

Um agrado aos caminhoneiros já poderia ter sido concedido, não fosse a difícil situação fiscal do governo. Caso a reforma da Previdência tivesse sido aprovada, haveria margem de manobra para fazer um acordo com a Petrobras e compensar eventuais perdas decorrentes da redução do preço do diesel. Perde-se em uma ponta, ganha-se em outra. A economia não para e a arrecadação de impostos avança.

Os parlamentares alegaram ser impossível votar a reforma previdenciária às vésperas das eleições gerais. Afinal, ninguém quer correr atrás de voto carregando nas costas um tema impopular. Por outro lado, o brasileiro, que continua acreditando que dinheiro nasce em árvore, sequer cogita a possibilidade de fazer algum sacrifício em prol da nação. Quer saber dos direitos adquiridos, cabendo ao governo virar-se para cumprir as obrigações.

Quando o UCHO.INFO afirmou que a aprovação da reforma da Previdência teria facilitado as negociações com os caminhoneiros, até porque a questão é financeira, alguns gênios de plantão afirmaram que um assunto nada tem a ver com o outro. E sobraram críticas na nossa direção.

A necessária reforma tributária há muito aguarda para ser discutida e votada no Congresso, mas ninguém tem coragem de levar o assunto adiante. Em especial os governadores, que pressionam as bancadas estaduais para postergar a discussão do tema. Que cada cidadão aceite a ideia de que imposto é um mal necessário, pois sem ele qualquer país para.

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