Copa do Mundo: sem chuteiras da Nike, seleção do Irã pede ajuda à FIFA

Após a decisão da Nike de deixar a equipe nacional do Irã sem chuteiras para a Copa do Mundo da Rússia, a confederação iraniana de futebol enviou carta pedindo auxílio à FIFA e exigiu uma explicação para a atitude da fabricante americana de artigos esportivos.

A Nike confirmou nesta segunda-feira (11) a declaração feita na última semana de que não forneceria chuteiras para a equipe do Irã devido às sanções econômicas. As medidas foram impostas no mês passado, quando os Estados Unidos deixaram um pacto nuclear firmado em 2015 entre países ocidentais e Teerã.

“Sanções americanas significam que, como uma empresa dos Estados Unidos, a Nike não pode fornecer chuteiras a jogadores no time nacional iraniano neste momento”, ressalta a empresa em comunicado divulgado na última sexta-feira (8).

O porta-voz da marca lembrou que as sanções impostas à Nike valem há anos. Mas, segundo informações do canal esportivo ESPN, a empresa não deu muita importância a essas restrições até recentemente, quando o presidente Donald Trump anunciou que os EUA sairiam do acordo nuclear com o Irã.

Queiroz, cuja equipe estreará contra o Marrocos pelo Grupo B na sexta-feira (15), considerou as afirmações da companhia “desnecessárias” e as considerou “um insulto ao Irã”. “Todos estão cientes das sanções”, afirmou. “Eles [a Nike] deveriam se desculpar porque esse comportamento arrogante contra 23 meninos é absolutamente ridículo e desnecessário”, criticou. Além do Marrocos, os outros dois adversários do Irã serão Portugal e Espanha na fase de grupos.


Queiroz afirmou ainda que “não é possível que uma sanção seja imposta a jogadores tão pouco tempo antes de uma Copa do Mundo. Todo mundo sabe como é importante os atletas jogarem com as próprias chuteiras”, disse o português.

O uniforme do Irã é fornecido pela empresa alemã Adidas, mas alguns jogadores, como Saman Ghoddos, que atua pela equipe sueca Ostersund, costumam usar chuteiras da Nike.

Ainda não se sabe se os jogadores poderão obter chuteiras extraoficialmente. Em busca de soluções, alguns dos membros do time iraniano pediram chuteiras a colegas que jogam nos mesmos clubes. Outros foram sozinhos a lojas de equipamento esportivo e compraram chuteiras novas. A Adidas também ofereceu ajuda.

Em aberto, também, está a questão do impacto da decisão da Nike sobre as vendas da empresa durante a Copa. “O Mundial tem força especialmente do ponto de vista do marketing. Em 2014, mais de 3,2 bilhões de pessoas assistiram a um jogo da Copa”, lembra Oliver Brüggen, diretor de Relações Públicas da Adidas. “A Adidas vendeu oito milhões de camisas oficiais na última Copa.”

Na disputa recorrente dos fabricantes de equipamentos esportivos, que acontece a cada Mundial de futebol, a Nike já causou hype entre torcedores do mundo inteiro com o uniforme da Nigéria, esgotado poucos minutos depois do início oficial das vendas e cujo design é inspirado no uniforme de 1994 da equipe.

Para dominar a Copa do Mundo 2018 como plataforma publicitária, os fornecedores de artigos esportivos investem muito dinheiro nas seleções. A adidas veste 12 dos 32 times participantes, contra dez da Nike. Em 2016, a empresa prorrogou o contrato com a Confederação Alemã de Futebol até 2022, somando entre 65 e 70 milhões de euros anuais. (Com agências internacionais)